Famílias de bebês com microcefalia enfrentam demora para pedir benefício na BA

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A cozinheira Gleide Moreira, 41 anos, está desempregada e tem sete filhos. A caçula Ester, de 3 meses, nasceu com microcefalia, que só foi detectada na hora do parto. Gleide mudou de endereço e acabou abandonando o emprego, por causa da distância do local de trabalho.
Agora, mesmo que consiga uma ocupação, não poderá assumir, pois dedica quase todo o tempo à filha caçula. Ela conta que, quando Ester nasceu, foi orientada pela assistente social da maternidade a solicitar o auxílio às pessoas com deficiência, no INSS.
– Estou tendo ajuda dos meus filhos e amigos, e vim à procura do centro de apoio. Não sei o que seria da minha família sem esse benefício, porque o meu marido faz bicos, sem carteira assinada – conta.
Hoje, ela aguarda o recebimento do benefício que já foi aprovado pelo INSS e se considera “abençoada” por ter conseguido de forma rápida a perícia médica na previdência, que confirma a microcefalia na criança.
– Em fevereiro, eu tentei agendar a perícia que marcaram para julho deste ano. Como iria demorar muito para isso acontecer, conversei com uma das diretoras do posto de atendimento, para que antecipasse a minha data e contei a minha situação, que não está fácil. Com isso, consegui a perícia para quatro dias depois que dei entrada na documentação – relata a mulher.
Por conta da greve dos médicos peritos do INSS, que começou no início de setembro do ano passado e durou mais de 4 meses, algumas mães não conseguem agendar um horário para uma data próxima.
Garantido por Lei, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um direito de pessoas com deficiência, em qualquer idade, com impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais, de longo prazo. O que nem todo mundo sabe é que os casos de microcefalia também garantem a concessão do benefício às famílias de crianças com a malformação e renda mensal inferior a um quarto do salário mínimo, por membro da família.
A assistente social Ivonete Santos trabalha no Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral (NACPC), no bairro Ondina, em Salvador. Ela conta que orienta as famílias a pedirem o BPC e o auxílio-transporte, já que as crianças são levadas frequentemente aos centros de reabilitação, para acompanhamento.
– Somente na primeira semana de março, até o dia 7, recebi 15 famílias de bebês com microcefalia. Todas se encaixam nos requisitos exigidos para a concessão do benefício. Esse número tende a aumentar, por aqui, pois a procura está sendo grande, apesar de algumas mães ainda não saberem que têm esse direito – diz a assistente.
A dona de casa Silvânia Brandão, 27 anos, também tem um filho com microcefalia. Luis Ricardo tem 3 meses e foi diagnosticado com a malformação quando a dona de casa estava no sexto mês de gestação. Hoje, somente o pai, que é auxiliar de serviços gerais, trabalha para sustentar a família.
– O período de adaptação foi muito difícil, fiquei muito surpresa, até porque é o meu primeiro filho. Fique sabendo que tenho direito ao benefício no posto de saúde, onde fiz o pré-natal – explica a mulher de 27 anos.
No entanto, apesar da microcefalia em comum nos filhos, Silvânia não teve a mesma sorte de Gleide para agendar os exames no INSS. A consulta com a assistência social do instituto foi marcada para 6 de abril, quando será agendada a perícia médica. Somente depois que a perícia comprovar a microcefalia no pequeno Luis Ricardo, a mãe deve começa a receber o benefício de um salário mínimo (R$ 880).
O chefe da Divisão de Benefícios do INSS de Salvador, Marcelo Caetano, explica que, apesar do agendamento estar demorado em função da longa greve dos médicos peritos, quando aprovado, o pagamento é retroativo ao início do processo.
– Essa pessoa precisa passar por uma avaliação social e uma médica. A partir daí, a renda e a documentação serão analisadas. Por conta desse movimento grevista, a perícia está com a data de agendamento um pouco atrasada. Mas, caso o benefício seja aprovado, a família recebe o valor retroativo ao período em que deu a entrada no pedido – explica Caetano.
Segundo a lei, que também vale para pessoas acima dos 65 anos, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) equivale a um salário mínimo e não é vitalício, já que as deficiências podem ser amenizadas e a renda familiar pode aumentar. Por isso, a Previdência Social pode convocar as famílias a qualquer momento para comprovar a necessidade do auxílio.
Marcelo Caetano reconhece a demora para o agendamento das perícias e a dificuldade de algumas famílias para conseguir agendar o mais cedo possível.
– Sempre há um movimento para tentar acelerar as perícias e minimizar os impactos da greve: mutirões nos fins de semana, mutirões no turno oposto de trabalho do servidor – declara.

Governo fará nesta sexta-feira mobilização nacional contra o Aedes aegypti
O Governo Federal fará amanhã nova mobilização com servidores em prédios públicos federais e de empresas estatais em todo o país. O objetivo é eliminar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, que transmite os vírus da dengue, da febre chikungunya e da zika. A ação envolverá ministros e presidentes de empresas, bancos públicos e autarquias.
Segundo o Ministério do Planejamento, o objetivo é reforçar a atenção da sociedade, em especial do funcionalismo público federal, para o combate ao Aedes aegypti e assegurar que todos os servidores estejam informados e engajados de forma permanente em ações para eliminação dos criadouros do mosquito.
De acordo com a pasta, a ação de amanhã vai intensificar as vistorias nos imóveis federais e servirá para que os gestores públicos verifiquem a regularidade das ações executadas e se estão sendo realizadas de forma adequada, além de reforçar a continuidade do trabalho. Os gestores também deverão fazer um balanço das atividades de combate ao mosquito desenvolvidas até o momento.
Também serão feitas mobilizações nas agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil e no Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), entre outros órgãos.
A mobilização de amanhã dará continuidade ao trabalho iniciado em 29 de janeiro, com o mutirão de combate ao mosquito na administração pública federal que foi focado nos prédios da Esplanada dos Ministérios.
Serão realizadas ações mais intensivas em 223 municípios considerados prioritários, escolhidos com base na ocorrência da dengue e com população superior a 50 mil habitantes.
Além dos mutirões de limpeza, serão feitas palestras e distribuído material informativo em vários órgãos públicos. A mobilização está sendo organizada pela Casa Civil da Presidência da República e pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Agentes de combate ao Aedes aegypti vistoriaram desde janeiro 48,2 milhões de imóveis em todo o Brasil, entre residências, prédios públicos e comerciais. Em 11,3 milhões  de imóveis, que estavam fechados ou houve recusa para o acesso dos agentes, será feita nova tentativa de vistoria.
Durante as visitas, 1,6 milhão de imóveis foram identificados com focos do mosquito, o que representa 3,36% do total dos inspecionados.

Com informações da Agência Brasil

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