Mantendo um bom ritmo, o setor de franquias registrou um crescimento nominal de 12,8% no segundo trimestre deste ano frente a igual período de 2023. É o que revela a Pesquisa Trimestral de Desempenho do setor feita pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). De acordo com o levantamento, a receita de abril a junho aumentou de R$ 54,253 bilhões para R$ 61,205 bilhões. No semestre, o faturamento cresceu ainda mais, 15,8%, passando de R$ 105,107 bilhões para R$ 121,766 bilhões.
O bom desempenho do varejo e do setor de serviços no período também favoreceram o franchising, que cresceu um pouco acima do setor varejista em geral. Entre os segmentos, saúde, beleza e bem-estar, alimentação – food service e casa e construção registraram os três melhores desempenhos. Mesmo com a Páscoa ocorrendo em março, o setor continuou se beneficiando no segundo trimestre da demanda aquecida das pessoas por cuidados estéticos, valorização do bem-estar e do convívio social.
Esse crescimento se deu em um cenário em que a economia brasileira cresceu 2,5% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2023 (números do PIB, divulgados pelo IBGE) e mesmo porcentual ( 2,5%) se considerado os 12 meses encerrados em março. O setor de serviços apresentou crescimento em ambos os períodos: 3,0% na comparação dos primeiros trimestres e 2,3% nos últimos quatro trimestres, também de acordo com o IBGE, impulsionado pela recuperação do consumo interno, turismo e tecnologia.
A pesquisa da ABF apontou, ainda, que houve um impacto pontual no setor com as enchentes históricas que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, mas os fatores que embasaram o crescimento no trimestre pesquisado acabaram prevalecendo. A entidade estima que o impacto da tragédia no faturamento do setor no estado, corresponda a, aproximadamente, um mês de faturamento da base instalada no estado.
O número de trabalhadores nas redes de franquias também cresceu no segundo trimestre deste ano. De acordo com a pesquisa, a mão de obra empregada pelo setor passou de 1,612 milhão para 1,674 milhão, o que representa uma alta de 3,85%.
O estudo indicou também aumento no volume de operações de franquias. A variação positiva registrada no segundo trimestre representou um acréscimo de 4.273 operações de franchising no país, totalizando 193.151 operações. De acordo com a base pesquisada, foram abertas 4,3% mais franquias, encerradas -1,6%, com saldo positivo de 2,7%. Os repasses tiveram uma ligeira alta, de 0,7% para 0,9%.
A ABF elencou 11 segmentos que registraram crescimento no segundo trimestre deste ano, segundo a pesquisa. Saúde, beleza e bem-estar apresentou a maior alta, de 21,7%, impulsionado especialmente pelo investimento em produtos personalizados, com o uso da inteligência artificial (IA), aumento das vendas de produtos farmacêuticos de 10,7% no primeiro semestre, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma), inclusão e diversidade dos produtos comercializados.
Alimentação/food service alcançou o segundo melhor desempenho (16,4%), baseado na maior busca dos consumidores pela alimentação de melhor custo-benefício, comumente oferecida pelas redes de franquias, e por buscarem também viver experiências gastronômicas como uma forma de lazer e socialização, além da consolidação do mercado de delivery.
O segmento de casa e construção (15,1%) voltou a se destacar, ficando em terceiro lugar em virtude de fatores como o aumento do crédito imobiliário, incentivando a compra de imóveis e a realização de reformas, e de programas de financiamento mais acessíveis. Na sequência, se destacaram também os segmentos de entretenimento e lazer (13,9%), moda (13,2%), serviços e outros negócios (12,4%) e hotelaria e turismo (11,1%).
Além disso, as franquias ligadas à atividade física e esporte vêm se tornando uma opção de negócio cada vez mais procurada. Um número que vem chamando atenção é o de redes relacionadas a esporte e bem-estar que, segundo a entidade), já somam 33 marcas que representam 10,5% do segmento e esse universo é ainda maior com marcas que não fazem parte da associação. Essa expansão resulta de uma combinação de fatores, como a busca por estilos de vida mais saudáveis e o aumento do interesse por atividades físicas.
O estudo da ABF analisou também a distribuição da receita e o número das operações de franquias por região. De acordo com o levantamento, o Sudeste apresentou uma ligeira alta no faturamento e, ao contrário, pequena queda no número de operações deste ano frente a 2023, indicando a busca de eficiência e o uso mais intensivo da tecnologia e multicanalidade.
A Região Sul, segunda maior em receita e número de operações, apresentou queda no primeiro quesito – como reflexo das enchentes no Rio Grande do Sul neste segundo trimestre -, porém aumento do volume de operações (alavancado pela expansão nos demais estados). Nas demais regiões, houve estabilidade, com alta progressiva do faturamento no Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
Para Tom Moreira Leite, presidente da ABF, “a expansão do setor de franquias para cidades menores Brasil afora permanece, mesmo que seja um movimento paulatino, pavimentando o desenvolvimento das regiões. Além disso, as franquias continuam crescendo nas regiões com predomínio do agronegócio e acredito que com o maior crescimento da economia do país como um todo, maior será também a expansão do franchising para cada vez mais longe”.
Segundo o IBGE, cidades pequenas são aquelas com até 50 mil habitantes. Recentemente, essas localidades têm atraído a atenção de redes de franquias, que estão percebendo o potencial econômico desses mercados menos saturados. Esse cenário revela uma oportunidade para expandir os negócios e explorar a demanda local, levando a receitas de até R$ 60 mil por mês.
Pelo segundo ano consecutivo, a ABF mensurou a força de trabalho das redes na Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising. De acordo com o estudo, a quantidade média de colaboradores das marcas (excluindo sócios), entre lojas próprias e franqueadas, se manteve em nove, assim como nos quiosques e operações móveis, quatro; e nas franquias digitais, três. Já nas operações home based, a média subiu de três para quatro colaboradores.
A pesquisa referente ao período de abril a junho envolveu uma base amostral com 405 redes respondentes que representam cerca 30% das operações e 39% do faturamento do setor. Abrangendo o mercado como um todo, inclusive não associados, os números do desempenho do setor de franchising são apurados em pesquisa por amostragem, cruzados com levantamentos feitos por entidades representantes de setores correlatos ao sistema de franquias, órgãos de governo, instituições parceiras e de ensino.