A receita bruta para as lavouras brasileiras, composta pelas 17 principais culturas produzidas no país, está estimada em R$ 804,3 bilhões, número que representa um aumento de 4,2% em relação ao ano passado, quando atingiu R$ 771,5 bilhões e um crescimento de aproximadamente 45% em relação aos R$ 556,2 bilhões gerados em 2019. Os dados são do Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café.
Neste ano de 2023, a Soja lidera o ranking nacional das lavouras com valor bruto de produção estimado em R$ 329,7 bilhões, na segunda posição o milho deve gerar R$ 142,3 bilhões, seguido pela cana-de-açúcar com R$ 106,2 bilhões, os cafés do Brasil ocupam a quarta posição com faturamento previsto de R$ 48 bilhões, fechando as cinco culturas com maior valor bruto de produção em 2023 está o algodão com R$ 30,7 bilhões. Amendoim, arroz, banana, batata inglesa, cacau, feijão, laranja, mamona, mandioca, tomate, trigo e uva completam os R$ 804 bilhões previstos para 2023.
Analisando apenas o valor bruto de produção da cafeicultura nacional, neste ano de 2023, cuja previsão é de R$ 48 bilhões, vale destacar que o café da espécie arábica deve gerar R$ 37 bilhões de receita, número que representa uma redução de 7,8% em relação a 2022 quando obteve R$ 40,2 bilhões de faturamento. Com relação ao café da espécie conilon, a redução será de 13,4%, na mesma base comparativa, pois tem o valor bruto de produção previsto de R$ 10,97 bilhões ante os R$ 12,66 bilhões gerados no ano passado.
Por outro lado, estudo contratado pela Bayer, intitulado “Farmer Voice”, estima que cerca de 71% dos agricultores afirmam que as mudanças climáticas já têm um grande impacto em suas fazendas e um número ainda maior está preocupado com a consequência que isso terá no futuro. Ao todo, 73% registraram uma pressão crescente de pragas e doenças. Em média, segundo as estimativas dos produtores, os seus rendimentos sofreram uma redução de 15,7% nos últimos dois anos devido às alterações climáticas. Além disso, a cada seis produtores, um identifica perdas de rendimento superiores a 25% durante este período.
O levantamento ouviu um total de 800 produtores entre abril e julho de 2023 em todo o mundo, representando grandes e pequenas propriedades rurais da Austrália, Brasil, China, Alemanha, Índia, Quênia, Ucrânia e EUA. Os entrevistados preveem que as repercussões das mudanças climáticas continuarão. A consulta mostra que 76% estão preocupados em relação ao impacto que as mudanças climáticas terão em suas lavouras, sendo que os produtores do Quênia e da Índia são os que mais se preocupam.
Mais da metade (55%) dos produtores colocaram os custos de fertilizantes entre os três principais desafios, seguidos pelos custos de energia (47%), volatilidade de preços e renda (37%) e o custo com a proteção de culturas (36%). A importância dos custos dos fertilizantes é mais evidente no Quênia, na Índia e na Ucrânia.
Na Ucrânia, 70% indicaram os custos com fertilizantes como um dos três principais desafios, mostrando que as consequências concretas da guerra exercem grande pressão sobre os produtores do país. Além disso, 40% indicaram a interrupção geral de atividades devido aos conflitos como um dos principais desafios.
Diante do cenário desafiador, mais de 80% dos entrevistados já estão tomando ou planejam tomar medidas para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. As principais áreas de foco são o uso de culturas de cobertura (43% já o fazem ou pretendem fazê-lo), o uso de energia renovável ou de biocombustíveis (37%) e o uso de sementes inovadoras para reduzir o uso de fertilizantes ou de defensivos agrícolas (33%). Todos afirmam que já têm ou pretendem ter ações para favorecer a biodiversidade. Mais da metade (54%) diz adotar medidas para proteger os insetos ou planeja fazê-lo nos próximos três anos.
Para estarem prontos para o futuro, os produtores rurais valorizam a inovação. Mais da metade (53%) deles afirma que o acesso a sementes e variedades projetadas para lidar melhor com condições climáticas extremas seria o que mais beneficiaria suas fazendas. Um número semelhante (50%) diz esperar por melhores tecnologias de proteção de culturas, enquanto 42% disseram que um melhor acesso a soluções de irrigação beneficiaria suas fazendas. Analisando suas práticas, o aprimoramento do uso eficiente da terra, a diversificação de culturas e a melhoria da saúde do solo foram classificados como os caminhos mais importantes para o sucesso.
















