Faturamento de PMEs avançou 1,2% em junho

Crescimento, mesmo tímido, foi puxado por indústria e retomada de fôlego do comércio; no RS, evolução foi de 9,7% no mês

194
Trabalhadoras em indústrias (Foto: ABr/arquivo)
Trabalhadoras em indústrias (Foto: ABr/arquivo)

O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (Iode-PMEs) indica crescimento de 1,2% no faturamento das pequenas e médias empresas em junho, na comparação com junho do ano anterior. No acumulado do ano, o índice apresenta avanço de 4,3% frente ao primeiro semestre de 2023.

O Iode-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, divididas em 701 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, observa que o crescimento das PMEs no período foi pouco disseminado e aponta para uma relativa perda de ímpeto do segmento no final do primeiro semestre do ano.

As PMEs da Indústria mantiveram crescimento em junho, com alta de 5,3% (YoY). Destaque para as atividades de fabricação e celulose, papel e produtos de papel, fabricação de móveis e impressão e reprodução de gravações.

Espaço Publicitáriocnseg

No comércio, as empresas têm demonstrado uma trajetória de recuperação nos últimos meses, após uma sequência de quatro trimestres desafiadores. Em junho, o setor registrou um crescimento de 1,9% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

“Este movimento tem sido impulsionado, principalmente, pelo segmento atacadista – que apresentou um aumento significativo de 6,9% na comparação anual”, explica Beraldi.

Já as PMEs do varejo têm enfrentado mais dificuldades em retornar a uma trajetória de crescimento, de acordo com o economista. O segmento recuou e apresentou queda de 1,3% no faturamento de junho. De toda forma, atividades como lojas de departamentos e varejo de livros encerraram o mês em crescimento.

O setor de serviços, por sua vez, reduziu no faturamento real de 1,7% (YoY).

“O resultado acende um alerta de possível desaceleração, que deve ser monitorado nos próximos meses, ainda que os segmentos de atividades financeiras e de seguros, atividades de atenção à saúde humana, atividades de prestação de serviços de informação tenham avançado no mês e contribuído para restringir o recuo recente”, ressalta.

As PMEs do setor de infraestrutura também registraram retração na movimentação financeira, com queda de 4,1% na comparação com junho do ano passado. Serviços especializados para construção, no entanto, manteve-se em destaque positivo, seguindo a tendência já observada nos últimos meses pelo economista.

Segundo Beraldi, em um contexto marcado pelo aumento de incertezas, como a elevação das expectativas de inflação, é esperada alguma perda de fôlego da atividade econômica doméstica no curto prazo.

“Ainda que o resultado de junho aponte certo desaquecimento ante os meses anteriores – especialmente no setor de serviços -, ainda é cedo para antever que esse movimento seja uma tendência mais duradoura no curto prazo, diante de um contexto de consumo ainda sustentado pelo avanço da renda das famílias”, enfatiza.

Ainda de acordo com o indicador, houve expansão de 9,7% no faturamento das PMEs do Rio Grande do Sul em junho, em comparação com maio. Já em relação a média do primeiro quadrimestre do ano, o setor retraiu 2,7% no período. A queda em maio foi de 10%, e o avanço em junho indica o início da recuperação do setor.

Felipe Beraldi destaca para a recuperação nos setores de comércio, com alta de 43% (ante a maio), e indústria, que avançou 17% na mesma base de comparação.

“Por outro lado, a sustentação observada nas PMEs gaúchas de serviços se manteve, principalmente, pela contribuição dos serviços de informação e comunicação. A queda observada em segmentos como alojamento e alimentação e artes, cultura, esporte e recreação superaram a média vista no estado nos últimos meses”, completa.

Para avaliar os impactos das enchentes nos negócios gaúchos, o índice avaliou exclusivamente os fluxos financeiros dos setores de comércio, indústria e serviços.

O economista salienta também que o patamar ainda reduzido em junho, apesar de mais contido, vai na direção oposta ao que se observa no mercado de PMEs em 2024.

“O setor apresentou expansão de 4,3% no acumulado do ano e o próprio estado vinha contribuindo para esse resultado. No período de janeiro a abril, antes das inundações, o índice também indicava que o mercado local de PMEs seguia trajetória de expansão, com alta de 8,6% no faturamento em comparação aos mesmos meses do ano anterior”, comenta.

O Rio Grande do Sul é a quinta maior economia do país e responde por 6% do PIB nacional com, aproximadamente, 1,5 milhão de empresas ativas, das quais cerca de 80% estão em municípios consideravelmente afetados pelas enchentes.

Leia também:

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui