Febre amarela triplica nas Américas

Dados são da OMS; foram registrados casos na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru

111
Tedros Adhanom (Foto: Christopher Black/OMS)
Tedros Adhanom (Foto: Christopher Black/OMS)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que cinco países da região das Américas registraram um total de 212 casos humanos confirmados de febre amarela em 2025, um aumento de três vezes em comparação com os 61 casos confirmados registrados em 2024.

Especificamente, esses são dados de 29 de dezembro de 2024 a 26 de abril de 2025 (com dados do Equador atualizados até 2 de maio de 2025). Foram registrados casos na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru.

Além disso, dos 212 casos confirmados de febre amarela notificados até o momento em 2025, 85 deles foram fatais, representando uma taxa de letalidade de 40%.

A OMS diz que está ajudando os países afetados a implementar medidas coordenadas para responder a casos e surtos de febre amarela. Isso inclui a melhoria das medidas preventivas, o fortalecimento da vigilância e do gerenciamento de casos, a melhoria da comunicação de riscos e do envolvimento da comunidade e a implementação de atividades de imunização.

Espaço Publicitáriocnseg

A OMS explica que a situação atual da febre amarela na América do Sul se deve ao aumento dos ciclos de transmissão silvestre. A ocorrência de casos de febre amarela fora da bacia amazônica, combinada com a alta letalidade dos casos, as diferentes coberturas de vacinação nos países afetados e o fornecimento limitado de vacinas, contribuem para que o risco geral de febre amarela na região das Américas, especialmente nos países endêmicos, seja classificado como alto.

A organização enfatiza a importância da vigilância ativa, dos testes laboratoriais oportunos, da coordenação transfronteiriça e do compartilhamento de informações. A vacinação continua sendo o principal meio de prevenção e controle da febre amarela.

Por fim, a OMS garante que continua a apoiar os países na expansão da cobertura vacinal por meio de programas de imunização de rotina e campanhas de vacinação em massa para aumentar a imunidade da população e reduzir o risco de surtos.

No último dia 24 de abril, em razão da Semana Mundial de Imunização, a OMS, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi), alertaram que os esforços de imunização estão sob crescente ameaça à medida que a desinformação, o crescimento populacional, as crises humanitárias e os cortes de financiamento comprometem o progresso e deixam milhões de crianças, adolescentes e adultos em risco.

Em nota, as entidades destacam que surtos de doenças preveníveis por meio da vacinação, como o sarampo, a meningite e a febre amarela, estão aumentando globalmente, enquanto doenças como a difteria, que há muito tempo vinham sendo mantidas sob controle ou praticamente desapareceram em diversos países, correm o risco de ressurgir. Em resposta, as agências pedem “atenção política urgente e sustentada”, além de investimento para fortalecer programas de imunização e proteger o progresso alcançado na redução da mortalidade infantil nos últimos 50 anos.

Em seu perfil na rede social X, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou que as vacinas salvaram mais de 150 milhões de vidas ao longo das últimas cinco décadas. “São mais de 4 milhões de vidas salvas a cada ano. Com imunização para todos, tudo é possível”, escreveu. “Graças às vacinas, uma criança nascida nos dias atuais tem 40% mais chance de sobreviver ao seu primeiro ano de vida do que há 50 anos.”

“Com novas vacinas contra a malária e o câncer cervical, estamos salvando ainda mais vidas. Mas, com os cortes recentes no financiamento para a saúde global, esses ganhos duramente conquistados estão em risco. Surtos de doenças preveníveis por meio de vacinas estão aumentando em todo o mundo, ameaçando milhões de vidas. As vacinas não protegem apenas a vida de cada indivíduo, protegem comunidades, sociedades e economias”, completou Tedros.

Dados da OMS mostram que os casos de febre amarela na região africana também estão aumentando – foram 124 casos confirmados em 12 países em 2024. “Isso ocorre após declínio significativo de casos da doença na última década, graças aos estoques globais de vacinas e ao uso da vacina contra a febre amarela em programas de imunização de rotina”.

Na região das Américas, surtos de febre amarela vêm sendo confirmados desde o início deste ano, com um total de 131 casos em pelo menos quatro países, incluindo o Brasil.

“Esses surtos ocorrem em meio a cortes no financiamento global. Balanço recente da OMS com 108 escritórios da entidade – sobretudo em países de baixa e média renda – mostra que quase a metade deles enfrenta interrupções moderadas ou graves em suas campanhas de vacinação, na imunização de rotina e no acesso a suprimentos em razão da redução do financiamento de doadores”, destacou a OMS.

A vigilância de doenças, inclusive doenças preveníveis por meio da vacinação, segundo a entidade, também vem sendo afetada em mais da metade dos países pesquisados.

Os números mostram ainda que o contingente de crianças que não receberam vacinas de rotina vem aumentado ao longo dos últimos anos, ainda que os países se esforcem para alcançar menores que não foram imunizados durante a pandemia. A estimativa é que, em 2023, cerca de 14,5 milhões de crianças tenham ficado sem receber todas as doses da vacinação de rotina – número superior aos 13,9 milhões registrados em 2022 e aos 12,9 milhões de 2019.

“Mais da metade dessas crianças vive em países que enfrentam conflitos, fragilidade ou instabilidade, onde o acesso aos serviços básicos de saúde é frequentemente interrompido”, destacou a OMS.

“A crise global no financiamento está limitando severamente nossa capacidade de vacinar mais de 15 milhões de crianças vulneráveis contra o sarampo em países frágeis e afetados por conflitos”, disse a diretora executiva do Unicef, Catherine Russell.

“Os serviços de imunização, a vigilância de doenças e a resposta aos surtos em quase 50 países já estão sendo interrompidos – com retrocessos em um nível semelhante ao que vimos durante a pandemia de Covid-19. Não podemos nos dar ao luxo de perder terreno na luta contra doenças evitáveis.”

Com informações da Agência Brasil e da Europa Press

Siga o canal \"Monitor Mercantil\" no WhatsApp:cnseg

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui