Fechando julho com perdas

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Bolsa de Valores (Foto: divulgação)
Bolsa de Valores (Foto: divulgação)

O mês de julho vai embora com a Bovespa acumulando perda de 0,89%, faltando somente o pregão de hoje. Ontem, andamos na contramão dos mercados no exterior e fechamos com queda de 0,48% e índice em 125.675 pontos. O dólar em nova queda de 0,78% e cotado a R$ 5,07. Aqui pesou o lado político tenso e indicadores de conjuntura piores que o previsto.

Hoje, mercados acionários na Ásia fecharam com quedas por temor de interferência da China em setores privados, como feito em tecnologia e educação, além da variante Delta da Covid-19 que a todos assusta. Na Europa, os mercados começaram o dia fracos, reagiram com dados de PIB anunciados, mas voltaram a ceder. Futuros do mercado americano também em queda e aprofundando baixas. Aqui, final de mês é sempre complicado, mas algum alívio depois da Live de ontem de Bolsonaro.

No exterior, a Casa Branca que dar estímulo de US$ 100 para quem ainda for vacinado, mas o dia está sendo de divulgação de PIBs referentes ao segundo trimestre em diferentes países. Começando pela Alemanha a alta do PIB na primeira leitura foi de +1,5%, quando o previsto era +1,9%. Na França, +0,9% de previsão de 0,8%. A Espanha mostrou crescimento de 2,8% e no comparativo com igual período de 2020 com +19,8%. Na Itália, expansão de 2,7%, de previsão de 1,3% e na Zona do Euro com +2% no segundo trimestre, de projeção de +1,5%.

Ainda na Zona do Euro, a taxa de desemprego encolheu para 7,7% e a inflação de 2,2% furou a meta do Banco Central Europeu. No mercado internacional, dia de petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, em queda de 0,42%, com o barril cotado a US$ 73,31. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,19 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,24%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com quedas na Bolsa de Chicago.

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Aqui, Jair Bolsonaro fez forte estardalhaço nos últimos dias dizendo ter provas de fraudes em eleições com a urna eletrônica, mas em sua Live confirmou que tinha somente indícios, requentou notícias e fake news e nada provou, além de distorcer dados. Também disse ter sido impedido pelo Supremo Tribunal Federal de agir na pandemia, após polêmica envolvendo vídeo do STF.

O ministro Paulo Guedes declarou que o programa de empregos para jovens (BIP) deve ter crédito suplementar de R$ 2/3 bilhões. Os óbitos pela Covid-19 quase atingem 555 mil pessoas e já estamos com 46,87% da população vacinada.

A agenda cheia do dia tem capacidade de mexer com os mercados, mas a expectativa inicial é de Bovespa seguindo exterior em queda, dólar fraco e juros em queda.

Ontem, os mercados locais andaram meio na contramão do exterior e perderam mais uma chance de continuar a se recuperarem. O segmento B3 passou boa parte do dia em queda, mesmo com bons resultados e expectativas com empresas líderes, dólar permaneceu fraco como previsto, e juros ainda tentando ajustar para a decisão do Copom na próxima semana. No exterior, mercados em alta na Europa e nos EUA. Lá, os bons resultados de empresas referentes ao segundo trimestre estão fazendo preço nos ativos. Já por aqui, pesou o ambiente político tenso, as declarações do presidente (inclusive sobre fraude nas eleições), insegurança jurídica, incertezas da Covid-19 e a variante Delta.

No exterior, a safra de balanços tem sido benéfica para o mercado acionário, com bons resultados e reversão de prejuízos como o da Volkswagen. Na Alemanha, a inflação medida pelo CPI de julho subiu 0,9%, com previsão de que seria -0,5%. O Banco Central Europeu (BCE), na ata da última reunião, indica que a nova estratégia da política monetária deve implicar em inflação moderada maior que a meta, mas com margem de segurança para lidar com política monetária mais flexível.

A China anunciou elevação de tarifa para produtos siderúrgicos e eliminou a redução de tarifas de exportações de aço, na tentativa de domar o preço das commodities, chapas de aço, ferro cromo e mais 23 tipos de produtos foram atingidos.

Nos EUA, tivemos a divulgação da primeira leitura do PIB do segundo trimestre, que anualizado atingiu 6,5%, mas a previsão era de +8,5%. O consumo expandiu 11,8%, investimentos em ativos fixos com +8,0% e o setor imobiliário puxou para baixo. O PCE anualizado, deflator de preços do consumo, chegou a 6,4% e o núcleo com 6,1%. Também foram anunciados os pedidos de auxílio desemprego da semana anterior, com queda de 24 mil posições para 400 mil pedidos, quando a previsão era de queda para 380 mil pedidos.

As vendas pendentes de imóveis de junho encolheram 1,9%, Joe Biden comemorou o PIB do trimestre e faz fé na aprovação do pacote de infraestrutura. No mercado internacional, o petróleo WTI, negociado em Nova Iorque, mostrou boa recuperação com alta de 1,70% e barril cotado a US$ 73,62%. O euro era transacionado em alta para US$ 1,19, e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,27%. O ouro e a prata com fortes altas na Comex, e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro, como consequência das medidas adotadas pela China, registrou queda de 3,27%, com a tonelada cotada a US$ 196,06.

Aqui, no ambiente político, o temor é que os ruídos aumentem muito com a volta da CPI da Covid-19, a entrega de comando pelo presidente ao Centrão e novo entrevero de Bolsonaro com o STF, a partir de vídeo divulgado. Bolsonaro rebateu o vídeo afirmando que o STF cometeu crime ao dizer que prefeitos e governadores podem suprimir direitos. A CVM divulgou relatório mostrando que a emissão de valores mobiliários atingiu R$ 287,8 bilhões no primeiro semestre de 2021, crescendo 62,4% sobre igual período, com a oferta primária de ações no montante de R$ 76,8 bilhões, +108% e debêntures com R$ 97 bilhões.

Foram anunciados dados do Caged de junho com a criação líquida de emprego de 309,1 mil posições de trabalho, com destaque para serviços com 125,7 mil. Mas economistas têm receio dos dados descolados de outros indicadores de conjuntura. O ministro Paulo Guedes participou da apresentação dizendo que a criação de empregos cresce em ritmo acelerado e prometeu anúncio de mais programas de emprego. O déficit primário do governo central de junho foi de R$ 73,5 bilhões, pior que o previsto, e em 12 meses chega a R$ 401 bilhões, representando 4,7% do PIB. As receitas de junho cresceram 55,9% e as despesas encolheram 34,6%. O INSS com déficit de R$ 55,1 bilhões e no ano com déficit de R$ 158,3 bilhões.

No mercado, a quinta foi dia de dólar em nova queda expressiva de 0,78% e fechando cotado a R$ 5,07. No segmento Bovespa da B3, na sessão do último dia 27, os investidores estrangeiros retiraram R$ 907,8 milhões, deixando o saldo negativo de julho em R$ 6,17 bilhões, mas com o ano positivo em R$ 41,8 bilhões. No mercado acionário, também foi dia de alta da Bolsa de Londres de 0,88%, Paris com +0,37% e Frankfurt com +0,45%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,60% e 1,01%. No mercado americano, o Dow Jones com alta de +0,44% e Nasdaq com +0,11%. Na Bovespa, dia de queda de 0,48% e índice em 125.675 pontos. Vale, mesmo com o bom resultado trimestral e expectativa de dividendos, liderou perdas com -1,47%.

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Alvaro Bandeira

Economista-chefe do Banco Digital Modalmais

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