Fed mantém cautela e sinaliza foco maior em emprego e crescimento

Para analista, 'chamou a atenção na fala de Jerome Powell o uso da palavra instinto': 'O que isso quer dizer? Que a incerteza está maior?'

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Jerome Powell, presidente do Fed (Foto: Senado dos EUA/DP)
Jerome Powell, presidente do Fed (Foto: Senado dos EUA/DP)

A decisão do Federal Reserve de manter a meta da taxa de juros dos EUA na faixa de em 4,25% a 4,5% mostra uma abordagem cautelosa em um ambiente marcado por incertezas econômicas.

“Essa decisão unânime da Assembleia de Governadores ressalta a intenção do Fed de manter a estabilidade enquanto monitora de perto a evolução das condições econômicas”, diz Daniel Siluk, Chefe do Global Short Duration & Liquidity na Janus Henderson, sobre a decisão de hoje do Fed.

Segundo ele, “a ênfase do Fomc nos riscos elevados tanto para o emprego quanto para a inflação revela uma abordagem vigilante em relação às pressões econômicas emergentes. A menção de ‘oscilações nas exportações líquidas’ que afetam os dados indica que o Fed está ciente dos fatores externos que afetam sua avaliação econômica, reforçando a complexidade do cenário econômico atual. Ao manter a taxa atual dos fundos federais e continuar a redução dos títulos do Tesouro e de agências, o Fed sinaliza a disposição de adaptar suas ferramentas para atuar em resposta às mudanças nos dados e riscos econômicos. Essa perspectiva equilibrada, porém cautelosa, reflete o compromisso de conduzir a economia em direção às metas de longo prazo do Fed de emprego máximo e taxa de inflação de 2%, ao mesmo tempo em que está preparado para fazer ajustes caso riscos adversos se materializem.”

“Imediatamente após o anúncio, os mercados financeiros reagiram com as ações sendo negociadas em baixa e os preços dos bonds em alta, indicando um foco do mercado que se inclina mais para as preocupações com o emprego (e o crescimento) dentro do mandato duplo do Fed, em vez da inflação”, diz.

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Já segundo Enrico Cozzolino, sócio e head de Análises da Levante Investimentos, a decisão e os comentários do Fed não trouxeram surpresas, “mas chamou a atenção na fala de Jerome Powell o uso da palavra ‘instinto’.

“O que isso quer dizer? Que a incerteza está maior? Houve uma reação meio negativa do mercado neste exato momento, pois gerou incerteza. Há ainda dúvidas sobre o impacto das tarifas no longo prazo, já que não se sabe nem qual o nível da tarifação nem qual setor será afetado. Em outras palavras, qualquer evento muda tudo. No curto, isso vem afetando a própria inflação e o emprego que fazem parte do mandato do Fed. Então, podemos dizer que foi aquela decisão diligente, pautada em número. O mercado leu que a possibilidade de corte, esperada pré-divulgação, foi adiada, pois ainda há uma incerteza gigantesca no longo prazo.”

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