Comentários – A reunião do Fed de janeiro trouxe poucas novidades para o mercado, tanto na parte do comunicado como na conferência de imprensa de Jerome Powell. Como esperado, a decisão foi consensual apesar da mudança na composição dos votantes. As mudanças no comunicado somente reforçam a percepção de perda de dinamismo da recuperação econômica por conta da reaceleração da pandemia e também que o cenário prospectivo depende tanto da evolução do vírus como também da vacinação.
Durante a conferência, Powell reforçou a perspectiva de que a economia ainda opera muito abaixo do nível registrado antes da pandemia, o que justifica a manutenção da postura de política monetária atual.
Ao mesmo tempo, o chair argumentou que as perspectivas fiscais e de vacinação têm sido mais relevantes para preços de ativos do que a política monetária.
Novamente, Powell reforçou que o Fed será paciente e não reagirá a ajustes de preços decorrentes de reabertura da economia. Ademais, e em linha com nossa expectativa, ficou evidente também que o BC americano não pretende discutir redução de compras de ativos no curto prazo.
A retirada de “over the medium term” no final do segundo parágrafo foi justificada pela concentração de riscos está no curto prazo, enquanto o médio e longo prazo são mais alentadores.
Em suma, a reunião traz poucas novidades para nosso cenário. Esperamos manutenção da política monetária inalterada ao longo do ano.
Também nos EUA, a primeira leitura do PIB mostrou avanço de 4% no último trimestre de 2020, ficando marginalmente abaixo das expectativas do mercado.
A composição do PIB pela ótica da demanda mostra contribuição positiva de consumo, investimento e exportações líquidas, enquanto o consumo do governo mostrou contribuição negativa.
Por dentro do PIB, destaque para o avanço de investimento, que cresceu 18.4% e contribuiu com 3,02% no headline. A composição mostra avanço em estruturas, equipamentos (+24,9%) e propriedade intelectual. Estoques tiveram contribuição de 1,04% para o headline.
O consumo contribuiu somente com 1,7% para o headline, com foco na expansão dos serviços (+4%). Já a parte de bens contribuiu negativamente após a forte expansão do terceiro trimestre.
Pelo lado da inflação, nota-se avanço do Core PCE mais forte do que o antecipado em 1,4% (esperado: 1,2%).
Final Sales to Private domestic purchasers avançou 7,3% no trimestre, após crescimento de 43,7% no trimestre anterior.
Em suma, a leitura mostra a continuação da recuperação após a forte queda do segundo trimestre. Nosso cenário para o primeiro trimestre deste ano contempla riscos pela reaceleração da Covid por um lado, mas que deve ser compensado em parte pelo pacote de estímulo fiscal.
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Felipe Sichel
Estrategista-chefe do Banco Digital Modalmais
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