Nesta quarta-feira, foi divulgada a ata da reunião de julho, quando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Banco Central norte-americano (Federal Reserve, Fed) manteve, pela oitava vez consecutiva, a taxa básica de juros no intervalo para 5,25% a 5,5% ao ano. De um lado, foram mantidas as afirmações que têm sido protocolares durante o período de aperto monetário. Deixaram em aberto o que virá na sequência ao enfatizar que os próximos movimentos de política monetária dependerão da evolução dos dados econômicos, particularmente com relação à inflação, atividade econômica e expectativas.
Por outro lado, o documento apresenta mais detalhes sobre a visão dos participantes com relação aos dois objetivos do Fomc. Assim como no comunicado, foi reconhecido que houve progressos recentes na evolução da inflação e gerando mais confiança de que a trajetória aponta para o atingimento da meta de 2%. Enfatizaram que os progressos se espalharam para itens importantes do chamado núcleo de inflação. Sobre o mercado de trabalho, notaram a elevação da taxa de desemprego e a desaceleração nos fluxos de contratações. Os membros do Fomc, enxergam que houve redução nos riscos para o atingimento da meta de inflação, mas por sua vez os riscos sobre a manutenção do emprego aumentaram.
Sobre as decisões de política monetária foi revelado que, apesar de a decisão pela manutenção ter sido unânime, diversos participantes estariam confortáveis em já ter reduzido a taxa em 0,25 ponto porcentual. Além disso, afirmaram que a larga maioria dos membros do Fomc acreditam ser apropriado iniciar o afrouxamento monetário na próxima reunião se a evolução dos indicadores permanecer na trajetória esperada.
“A ata ratifica a visão do mercado de que o ciclo de cortes de juros de fato irá iniciar em setembro. Corrobora também com as análises de que o balanço de riscos está mais pesado no mercado de trabalho do que na inflação. O que permanece em aberto é o tamanho do corte. Após a publicação da ata, houve ajustes nos contratos de juros que agora colocam 60% de probabilidade do corte ser de 0,25 e 40% para um corte de 0,50%. Os mercados nos EUA reagiram positivamente. Por aqui, podemos inferir que as chances de um aumento da Selic já em setembro perdem força se o corte de juros nos EUA forem 0,5. Por outro lado, se for mesmo 0,25 pode ficar difícil evitar um novo aperto por aqui”, analisa Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.