Feito, ainda que imperfeito

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Banco Central (Foto: Luiz Kessler)
Banco Central (Foto: Luiz Kessler)

O Copom elevou a taxa Selic de 11,75% para 12,75%, em linha com as expectativas da Nova Futura Investimentos e do mercado, com o texto destacando que as projeções de IPCA do cenário base avançaram de 6,3% para 7,3% em 2022 e de 3,1% para 3,4% em 2023, com o IPCA acima da meta, mesmo com a queda na projeção de câmbio, de R$ 5,05 para R$ 4,95 e a manutenção da hipótese de bandeira amarela (atualmente, bandeira verde) em dezembro de 2022 e dezembro de 2023.

Uma mudança significativa no texto de ontem foi o reconhecimento do Copom de que o balanço de riscos para a inflação deixou de ter uma assimetria altista, reconhecendo que a possibilidade de uma desaceleração econômica mais aguda pode contribuir para um processo de desinflação mais rápido. Por outro lado, o comitê reconheceu o papel das pressões inflacionárias globais em manter a inflação elevada por um período prologando. Outra alteração significativa é a mudança do horizonte relevante de política monetária, com o Copom reconhecendo que a inflação de 2023 passará a preponderar nas próximas decisões. Por fim, houve a exclusão do trecho referente à necessidade do Copom combater os efeitos secundários do choque das commodities, retirando do comunicado a indicação de que se esses efeitos fossem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estaria pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário.

Em termos de prescrição de política monetária, o Copom antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude, mas que as incertezas em torno das elevações de juros anteriores demandam uma cautela adicional em sua atuação e que irá perseverar nos processos de desinflação e ancoragem das expectativas de inflação em torno das metas. Em nossa visão, apesar da expectativa de inflação elevada em 2022 e a desancoragem atual das expectativas (tanto nas inflações implícitas, quanto do relatório Focus), a projeção do modelo do BC de IPCA próximo da meta em 2023, a mudança do horizonte relevante de política monetária e o cenário de riscos de inflação balanceado indicam que o Copom analisará os efeitos defasados da política monetária antes de optar por um avanço adicional em terreno contracionista. Acreditamos que a alta recente das commodities e a dissipação de seus efeitos secundários levarão o Copom a realizar mais uma alta de 0,50% na reunião de junho e finalizar o ciclo, com a taxa Selic terminando em 13,25%, onde deve permanecer até o fim de 2022.

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Nicolas Borsoi

Economista-chefe da Nova Futura Investimentos

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