Com a inflação acumulada em 5,32% nos últimos 12 meses e a taxa Selic estacionada em 15%, os brasileiros que se preparam para as férias de julho precisam se organizar. O atual cenário econômico, marcado por juros altos e encarecimento do crédito, pede atenção redobrada ao planejamento financeiro não só para evitar endividamento, mas para garantir que o período de descanso não se transforme em dor de cabeça.
A observação é de Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. Segundo ele, decisões por impulso e uso descontrolado do crédito tornam as férias uma armadilha para o orçamento familiar. Um universo de 78,5% das famílias brasileiras registrava dívidas em maio, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Jeff Patzlaff afirma que o principal vilão segue sendo o uso descontrolado do crédito. “O ambiente mais descontraído costuma estimular o consumo impulsivo. Uma boa prática é estabelecer um teto de gastos para a viagem e utilizar os recursos tecnológicos disponíveis, como alertas no aplicativo do banco e planilhas de controle, para acompanhar as despesas em tempo real”, aconselha.
O planejador financeiro ressalta que o primeiro passo para não extrapolar é montar um orçamento realista, baseado na renda disponível e que leve em conta não só passagens, hospedagem e alimentação, mas também as chamadas despesas invisíveis, aquelas pequenas, mas acumulativas, como ingressos, lembranças, transporte local e possíveis emergências. “A falta de planejamento prévio é um erro comum e custoso. Decisões de última hora tendem a elevar significativamente os preços de passagens e hospedagens, além de restringir as opções disponíveis”, afirma.
Cartão de crédito
Com o rotativo do cartão de crédito ultrapassando os 430% ao ano, conforme o Banco Central, a ideia de “pagar depois” pode sair cara. Patzlaff reforça: “Parcelar pode ser vantajoso se já estiver dentro do planejamento orçamentário. Sem dúvidas, o uso descontrolado do cartão de crédito continua sendo uma das principais armadilhas nas férias”.
Para famílias com orçamentos mais apertados, ele sugere criatividade e flexibilidade. Cidades do interior, regiões serranas ou praias menos badaladas tendem a oferecer um excelente custo-benefício. O turismo local também aparece como alternativa inteligente, com passeios gratuitos em museus, parques e centros culturais.
“Mesmo para quem não pode ou prefere não viajar, é possível criar momentos especiais com criatividade e planejamento. Atividades como piqueniques, acampamentos improvisados em casa, oficinas de culinária e sessões de cinema em família podem ser opções memoráveis e acessíveis”, defende o especialista.
Quando o desejo é sair do país, o câmbio instável exige mais pesquisa. Mas ainda há opções interessantes. Destinos como Bolívia, Vietnã, Turquia e países do Leste Europeu têm ganhado a preferência dos brasileiros por oferecerem boa estrutura a custos menores, principalmente frente ao dólar e ao euro. “Essa tendência se acentua diante do câmbio ainda volátil e da redução do poder de compra das famílias, pressionado pela inflação e pelo encarecimento dos bens e serviços”, diz o planejador.
Ele cita que o uso de tecnologia. Aplicativos como Mobills, Organizze, Minhas Economias e Guiabolso ajudam no controle financeiro da viagem. Já o aplicativo Splitwise pode ser útil para dividir despesas em viagens com amigos ou em grupo. Além disso, o uso de programas de cashback, como Méliuz ou Ame Digital, pode representar uma economia adicional em compras planejadas.