Fevereiro com um dia a menos que em 2024 interferiu em queda no varejo

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Shopping center (Foto: Valter Campanato/ABr)
Shopping center (Foto: Valter Campanato/ABr)

As vendas no varejo em fevereiro de 2025 caíram 0,4%, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês de 2024, aponta o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, houve crescimento de 5,1%. Foi o terceiro mês seguido de queda no comércio brasileiro.

O macrossetor de bens não duráveis registrou queda de 1,4%. Nesse caso, o segmento de livrarias, papelarias e afins apresentou a maior variação negativa. A diminuição das vendas em supermercados e hipermercados também prejudicou o resultado. Nem mesmo o crescimento nos outros dois macrossetores – bens duráveis e serviços – foi suficiente para o comércio apresentar alta nas vendas em fevereiro. Em bens duráveis e semiduráveis, o faturamento cresceu 1,6%, com destaque para o segmento de vestuário e artigos esportivos. Já em serviços, a alta de 0,5% foi puxada principalmente por turismo e transporte.

De acordo com Carlos Alves, vice-presidente de Tecnologia e Negócios da Cielo, efeitos de calendário foram determinantes para o resultado do Varejo.

“O mês de fevereiro de 2025 teve um dia útil a menos em relação ao ano passado, que foi bissexto. O resultado só não foi mais negativo porque este ano, diferente do ano passado, o Carnaval caiu em março. Se fosse em fevereiro haveria menos dias úteis e, portanto, menos atividade econômica”, afirma. Para o executivo, efeitos inflacionários também podem ter impactado negativamente o consumo em alguns setores do comércio.

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Em fevereiro, o varejo eletrônico cresceu 5,4% em termos nominais. As vendas presenciais subiram 5% em termos nominais em relação ao mesmo mês de 2024.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) registrou alta de 1,31% para o mês de fevereiro. Entre os impactos mais relevantes, estão o grupo de alimentação e bebidas, com alta de 0,70%, e o de transportes, com variação de 0,61%.

Ao ponderar o IPCA pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em janeiro foi de 5,5%.

De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a fevereiro de 2024 foram: Sul (2,5%), Sudeste (1,5%), Centro-Oeste (-0,9%), Nordeste (-1,8%) e Norte (-2,1%). E pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os resultados de cada região foram: Sul (8%), Sudeste (6,6%), Centro Oeste (5,8%), Norte (5,1%) e Nordeste (4%).

Além disso, de acordo com o Índice do Varejo Stone (IVS), após sinais iniciais de recuperação em janeiro, as vendas do comércio brasileiro apresentaram resultados negativos em fevereiro, com uma retração de 0,9%. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o cenário seguiu na mesma linha, com queda de 1%.

“O mercado de trabalho ainda está aquecido, mas os sinais de desaceleração ficaram ainda mais evidentes em fevereiro. A taxa de desemprego subiu para 6,5% em janeiro (Pnad), e a criação de novos empregos formais perdeu força (Caged). Além disso, a alta no preço dos alimentos continua pesando no bolso das famílias, que já enfrentam um alto nível de endividamento. Tudo isso tem um impacto direto no consumo. Portanto, a queda registrada no varejo reflete um enfraquecimento mais amplo da economia brasileira”, comenta Matheus Calvelli, pesquisador econômico e cientista de dados da Stone.

O comércio digital registrou alta mensal de 0,4%, enquanto o físico apresentou queda de 1,6%. Já no comparativo anual, o comércio digital cresceu 10,8% e o físico recuou 3,7%.

Na análise mensal, apenas dois dos oito segmentos analisados registraram alta em fevereiro: material de construção (0,7%), móveis e eletrodomésticos (0,2%). Outros cinco segmentos apresentaram queda: livros, jornais, revistas e papelaria (5,9%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,6%), combustíveis e lubrificantes (1,9%), artigos farmacêuticos (1,5%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,7%). Já o setor de tecidos, vestuário e calçados, apresentou estabilidade, com variação de 0%.

No comparativo anual, o segmento de combustíveis e lubrificantes teve o melhor desempenho, com alta de 4,1%, seguido por material de construção, que cresceu 2,5%. Os demais setores registraram queda: livros, jornais, revistas e papelaria (7,7%), móveis e eletrodomésticos (6,4%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,9%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,8%), artigos farmacêuticos (2,6%) e tecidos, vestuário e calçados (0,6%).

No recorte regional, apenas quatro estados apresentaram crescimento no comparativo anual, liderados por Pernambuco, com alta de 1,8%, seguido por Roraima (1,6%), Amazonas (1,1%) e Goiás (0,1%). Já o estado do Espírito Santo permaneceu estável, com variação de 0%. Já entre os estados com resultados negativos, Mato Grosso do Sul apresentou a maior queda, com retração de 8,4%, seguido por Santa Catarina (6,6%), Mato Grosso (6,4%), Rondônia (5,9%), Paraná (5,7%), Rio Grande do Sul (5,6%), Acre (4,9%), Bahia (3,4%), Tocantins (3,1%), São Paulo (2,8%), Pará (2,6%), Maranhão (2,5%), Ceará (1,9%), Piauí (1,9%), Sergipe (1,9%), Rio de Janeiro(1,7%), Paraíba (1,7%), Amapá (1,6%), Rio Grande do Norte (1,5%), Minas Gerais (1,1%) e Alagoas (0,8%). O Distrito Federal, por sua vez, apresentou queda de 3,3%.

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