Os FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) estão ganhando destaque e já superam os investimentos em ações e renda fixa. De acordo com Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, nos últimos 12 meses a rentabilidade do IMRF (Índice Multiplike de Rentabilidade dos FIDCs) chegou a 14,13%, enquanto para o CDI foi de 10,93%, 5,87% para o Ibovespa (ações), 6,99% para a poupança e 4,20% para o Ifix (fundos imobiliários).
Em 2024, o IMRF apresenta rentabilidade de 7,88%, frente a 6,01% do CDI, queda de 4,75% do Ibovespa, 3,91% da poupança e 0,58% do Ifix. “Esse número não nos surpreende. Em diversos meses, os FIDCs foram os melhores investimentos do País nos últimos anos; entretanto, não existia um índice oficial que mostrasse isso de forma clara”, explica Eyng.
Vale ressaltar que a inadimplência neste último mês se manteve praticamente estável com percentual de 10,81% de vencidos da carteira total dos FIDCs. Mesmo com este dado, a rentabilidade para o investidor não foi prejudicada. “Esse mercado se multiplicará por algumas vezes nos próximos cinco anos, assim como aconteceu com os fundos imobiliários, e quem estiver bem posicionado, tanto na entrega de resultados consistentes, como na comunicação, surfará essa onda”, considera Eyng.
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João Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos, destaca que o FIDC é a classe de fundos Anbima que mais tem crescido, tanto em volume de recursos como em número de fundos. “Prevejo que esse crescimento será exponencial, porque agora pode ser destinado investidores de varejo e vai se tornar investimento popular assim como fundo imobiliário”, diz.
“É a renda fixa turbinada, renda fixa que paga mais do que o título público”, complementa Peixoto ao destacar que o Brasil tradicionalmente investe muito em título público porque no longo prazo, conforme dado histórico, vence outros tipos de investimento da renda variável. “Agora, imagina a cota do FDIC, que paga mais do que a Selic, tem que pagar rentabilidade maior porque tem risco associado ao crédito privado na comparação com o título público, que é considerado um ativo livre de risco”, finaliza Neto.
Mitigar riscos dos FIDCs
Volnei Eyng comenta que está criando o Índice Multiplike de Rentabilidade dos FIDCs (IMRF), que fará uma análise mensal das cotas sênior dos 16 maiores FIDCs da categoria fomento mercantil, sendo multicedente/multissacado (fundo de investimento que possui múltiplos originadores e múltiplos devedores em sua composição, permitindo uma diversificação de risco) que juntos possuem um PL total de R$ 15 bilhões, equivalente a aproximadamente 32% de todo o mercado.
Peterson Rizzo, especialista em investimentos da Multiplike, ressalta que diversos fatores contribuem para mitigar o risco de inadimplência dos FIDCs, oferecendo segurança aos investidores. “É crucial entender esses fatores que ajudam a reduzir o risco e proporcionam maior confiança para o investidor. Um dos principais mecanismos é a estrutura de subordinação dos FIDCs. Nesta estrutura, temos a cota júnior, que geralmente pertence aos controladores, e a cota subordinada mezanino. Juntas, essas cotas fornecem uma camada adicional de proteção ao cotista sênior, absorvendo primeiramente as perdas, se houver”, explica.
Por Gilmara Santos, especial para o Monitor