Fim da alta da Selic deve ocorrer na próxima reunião

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Banco Central (Foto: ABr/arquivo)
Banco Central (Foto: ABr/arquivo)

A ata da última reunião do Copom, divulgada essa manhã, reforça a nossa leitura de que o fim do ciclo de alta da Selic deverá acontecer na próxima decisão do colegiado, quando a Selic atingiria 13,75% ao ano e por lá ficaria por pelo menos um ano no nosso cenário básico. Alguns pontos nesse sentido merecem menção:

Ao discutir o cenário externo, o documento dá maiores destaques às revisões negativas para o crescimento global nesse e no próximo ano, além de antecipar uma desaceleração nos próximos trimestres. Somada à citação sobre a postura contracionista dos principais Bancos Centrais do mundo – uma “sincronia global no processo de retirada de estímulos” – as passagens sugerem que o trabalho do Comitê para desinflacionar a economia brasileira ganha reforços vindos lá de fora.

A ata também reduz a relevância do PIB doméstico mais forte no primeiro trimestre, o qual ainda refletiria majoritariamente “o processo de normalização da economia após a pandemia” e deve desacelerar nos próximos trimestres quando os impactos defasados da política monetária se fizerem mais presentes.

O trecho mais interessante discute a estratégia para a convergência da inflação para o “redor da meta no horizonte relevante”. Além de contemplar juros acima do usado no cenário de referência – leia-se, acima de 13,25% em 2022 e 10,00% em 2023 -, os diretores deixam claro mais uma vez que a Selic permanecerá em território contracionista “por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”. Ou seja, o documento desautoriza os cortes de juros precificados pela curva futura na virada do ano e início de 2023.

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Coincidência ou não, o Comitê optou por sinalizar “um novo ajuste de igual ou menor magnitude na próxima reunião” (grifo nosso). Vale lembrar que em agosto o horizonte relevante passa a dar algum peso para 2024, ano em que o modelo do BC já sugere IPCA abaixo da meta (2,7% versus 3,0%).

De forma geral, a postura do Copom coincide com a adotada (ou, pelo menos, buscada) por diversos Bancos Centrais: reconhece-se a dificuldade de controlar a inflação em uma janela curta de tempo, seja pela sequência de choques de oferta ao redor do globo, seja pelo maior espalhamento das pressões de preços aumento de sua rigidez, mas o viés é por uma convergência mais lenta da inflação.

As incertezas sobre o crescimento daqui para frente têm peso importante nessa opção e, no caso específico do Brasil, elas se somam ao forte impulso contracionista que deveremos experimentar a partir daqui. A consequência dessa estratégia é a manutenção de juros altos por mais tempo.

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Banco Original

Equipe econômica

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