Com fim do home office, 8,5 milhões pediram demissão em 2024

Mobilidade urbana foi o principal fator para a saída voluntária; quase metade dos profissionais se considera mais produtiva trabalhando de casa

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Computador em trabalho remoto (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Fim do trabalho remoto levou milhões de brasileiros a pedirem demissão: só em 2024, cerca de 8,5 milhões de trabalhadores pediram demissão por conta própria, um número recorde, segundo o Ministério do Trabalho.

Pesquisa recente realizada com mais de 53 mil demissionários revela que a mobilidade urbana foi o principal fator para a saída voluntária dos empregos.

Ainda segundo o levantamento, 21,7% mencionaram a dificuldade de deslocamento entre casa e trabalho; 15,7% apontaram a rigidez da jornada como causa da saída; e 9,1% afirmaram que precisavam cuidar de filhos ou parentes.

Já estudo realizado pela Michael Page, intitulado “Guia Salarial – Tendências Candidatos e Empresas 2025”, apontou que quase metade dos profissionais (48,6%) acreditam serem mais produtivos trabalhando de casa. De acordo com o levantamento, os adeptos aos modelos de trabalho híbrido ou remoto superaram as médias dos que são igualmente produtivos no presencial (40,5%) e dos colaboradores que se sentem menos produtivos atuando de forma remota (10,8%).

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O levantamento apontou, ainda, que 27% dos colaboradores preferem trabalhar em casa em dois dias da semana, ficando à frente dos adeptos aos cinco dias remotos (24,3%), três dias (21,6%), um dia (13,5%) e dos que não desejam nenhum dia de trabalho em casa (8,1%).

“Observamos que o trabalho híbrido ou remoto já é uma realidade enraizada no mercado de trabalho atual, com quase metade dos profissionais se sentindo mais confortáveis e produtivos trabalhando de casa. Além da remuneração, a flexibilidade é um dos principais fatores no momento de decisão de um candidato para aceitar uma promoção ou uma nova vaga de emprego. As empresas que adotarem jornadas alternativas e flexíveis tendem a ter mais facilidade para atraírem e engajarem os melhores profissionais”, afirma Lucas Oggiam, diretor-executivo da Michael Page no Brasil.  

O levantamento também procurou entender qual o nível do equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal dos profissionais. Cerca de 32,4% dos respondentes concordam que respeitam seu horário de almoço e de saída, sabem enfrentar o estresse de trabalho e cuidam da saúde física, superando os que discordam e os que nem concordam e nem discordam (18,9%, cada), os que concordam totalmente (16,2%) e os colaboradores que discordam totalmente (16,2%).

Entre os respondentes da pesquisa, 43,2% dos profissionais trabalham em regime presencial integral, 27% atuam de forma híbrida (3 ou mais dias por semana no escritório), 19,9% têm atuação em trabalho remoto integral e 10,8% estão trabalhando em modelo híbrido com um ou dois dias por semana no escritório.

A Michael Page também decidiu ouvir líderes empresariais para compreender desafios e percepções sobre os modelos do trabalho. A pesquisa, realizada na primeira quinzena de março, contou com as respostas de 97 lideranças de diferentes cargos (diretoria, presidência, conselhos e c-level) e setores (finanças, engenharia, varejo, saúde e ciência, agronegócio, bancário e serviços financeiros, logística, marketing e digital e tecnologia). A partir desse grupo, foram tipificados os modelos de trabalho mais implementados, permitindo analisar os desafios que os líderes brasileiros enfrentam atualmente.

Para 35% dos respondentes que adotam o modelo presencial, destacam, além da natureza do negócio, como indústria e logística, a importância da cultura organizacional como principal motivação para essa escolha, mesmo em funções que não exigem presencialidade. O convívio facilita a disseminação e o fortalecimento da cultura, promovendo um ambiente de trabalho mais coeso e integrado. Além disso, há a percepção de que o trabalho presencial proporciona maior agilidade na tomada de decisões e na execução das tarefas diárias.

Algumas dessas organizações também expressam receio em relação ao autogerenciamento dos profissionais em um ambiente doméstico. Acredita-se que a supervisão direta e o contato constante são essenciais para garantir a produtividade e o alinhamento com os objetivos da empresa. Algumas lideranças ainda consideram essencial o modelo presencial, apesar de reconhecerem que pode gerar mais estresse, priorizando a produtividade em detrimento do bem-estar dos colaboradores.

No entanto, algumas empresas enfrentam restrições impostas por suas matrizes ou boards internacionais. Enquanto pesquisas internas indicam o desejo de adotar um modelo híbrido, essa política não é apoiada pela liderança global. Muitos acreditam que a implementação oficial do sistema híbrido em todas as áreas facilitaria a atração e retenção de talentos, além de aumentar o engajamento. Apesar dessa demanda, a matriz mantém a obrigatoriedade do trabalho presencial em nível global.

Ainda segundo o estudo, para 46% dos tomadores de decisão que adotam o modelo híbrido, o presencial também é importante para a interação e o fortalecimento da cultura organizacional.

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