A Americanas publicou nesta quinta-feira, finalmente, seu balanço de 2022, assim como a revisão dos resultados de 2021. A companhia apontou prejuízo líquido de R$ 12,912 bilhões no ano passado. Em relação a 2021, o lucro líquido de R$ 731 milhões, que teria sido o maior na história da Americanas, se transformou em prejuízo de R$ 6,237 bilhões.
O Ebitda (resultado antes de juros, impostos e obrigações) ficou negativo em R$ 61 bilhões (2023) e R$ 3,4 bilhões (2021). O patrimônio líquido ao final do ano passado era negativo (R$ 26,7 bilhões), e a dívida líquida real somava R$ 26,3 bilhões.
O balanço de 2022 era aguardado desde março, após a revelação, em janeiro deste ano, de um rombo bilionário causado pelo que a Americanas chamou de “inconsistências contábeis”. A companhia entrou em recuperação judicial, com dívidas calculadas em R$ 43 bilhões em janeiro e cerca de 16,3 mil credores.
A fraude total, revela o balanço de 2022, foi de R$ 25,2 bilhões entre VPC (Verba de Propaganda Cooperada) fictício, juros não contabilizados em resultado e despesas contabilizadas como investimentos, todos já ajustados nos balanços apresentados, informa a companhia.
O escândalo provocou abalo no setor de varejo, que já enfrentava séria crise com a inadimplência, e respingou nos controladores da Americanas – chamados agora de “acionistas de referências” – o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
Levou também à criação de uma CPI para investigar as causas e responsáveis pelo rombo, mas sem resultados práticos além de sugerir mudanças na legislação. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) segue investigando o caso.
Junto com a divulgação do balanço de 2022, Americanas anuncia novo plano de negócios
A Americanas divulgou ao mercado seu plano estratégico de negócios com previsão de geração de Ebitda de mais de R$ 2,2 bilhões (ou mais de R$ 1,5 bilhão depois do pagamento de aluguéis) em 2025.
“Após sofrer fraude de resultados praticada pela antiga diretoria, a companhia tem centrado esforços na continuidade do negócio, que ganhará mais fôlego a partir do aumento de capital de R$ 12 bilhões que será realizado pelos acionistas de referência e capitalização de dívida concursal por parte dos credores também no valor de R$ 12 bilhões, assim como com a aprovação do Plano de Recuperação Judicial pelos credores”, diz o comunicado da Americanas, divulgado nesta quinta-feira junto com a publicação do balanço de 2022.
O plano de negócios do que a atual diretoria chama de “a nova Americanas” está voltado à “fortaleza e resiliência do canal físico, apoiado pela excelência operacional do digital, pelo portfolio de serviços financeiros customizados da Ame e pela diversidade de seu retail media, que rentabiliza seus ativos por meio de advertising”.
“Essa transformação dará maior protagonismo ao seu DNA figital (físico + digital) gerando um pacote consistente de entregas aos clientes e parceiros, com todos os modelos possíveis de um varejo de variedades como a Americanas’, prossegue o comunicado.
O plano, que já está em curso, promove “maior assertividade nos produtos para revenda, assim como novos modelos de precificação e modulação de sortimento para ampliar as vendas no canal físico e a margem bruta da companhia. Outros pilares importantes são a renovação das lojas físicas, a otimização dos custos de ocupação e revisão de processos para oferecer excelência na jornada dos consumidores”.
Além disso, a plataforma digital da Americanas terá também foco no marketplace e no online to offline (O2O), oferecendo mais sortimento e conveniência para os clientes. A Ame atuará como alavanca para o fortalecimento da marca Americanas, com ampliação de seu programa de fidelidade para aumentar o engajamento de clientes, além de estímulo ao cashback e meios de pagamento.
“A transformação da Americanas, já iniciada pela nova gestão, também envolve uma reestruturação de forma a ajustar a companhia para este foco de atuação. Foram realizados ajustes e melhorias em áreas como marketing, tecnologia e estrutura logística a partir do novo contexto de atuação da plataforma digital, da renegociação de contratos e mudanças na estrutura organizacional, com melhora da despesa operacional”, garante a empresa.
“Acreditamos que, com este plano, a Americanas estará pronta para renovar seu papel de relevância no varejo brasileiro. Não será fácil, não será simples, mas será feito”, afirma Leonardo Coelho, CEO da Americanas.
“A Americanas tem a expectativa de que a Assembleia Geral de Credores seja realizada ainda em 2023” para aprovar o plano de recuperação.
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