A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação, atingiu um marco histórico em 2024 nesta quinta-feira, ao atingir o montante de R$ 10,7 bilhões em recursos financeiros liberados, praticamente dobrando o resultado de 2023, que foi de R$ 5,4 bilhões. O desempenho não apenas é o maior já registrado pela Finep, mas também representa um crescimento três vezes superior em relação ao resultado de 2022.
As contratações de crédito direto atingiram aproximadamente R$ 14,3 bilhões, possibilitando o financiamento de quase 1,1 mil novos projetos. Esse número também dobrou em relação ao ano anterior, quando foram registrados R$ 7,6 bilhões em contratações.
O presidente da Finep, Celso Pansera, destacou que esse marco é especialmente relevante, principalmente, em um momento em que o Brasil está intensificando seus investimentos em tecnologia, inovação e iniciativas voltadas para a economia verde.
Os recursos liberados pela agência impulsionam projetos estratégicos que não apenas fortalecem a competitividade do país no cenário global, mas também fomentam soluções sustentáveis que dialogam com as demandas de uma transição energética justa e a construção de uma economia de baixo carbono, destaca a Finep.
“Este resultado extraordinário é a prova de que a Finep está cumprindo sua missão de transformar o futuro do Brasil por meio da inovação e do desenvolvimento científico com sustentabilidade. Cada recurso liberado não é apenas um número, mas um investimento em projetos que alavancam nosso potencial tecnológico e econômico”, finaliza Pansera.
A maior parte dos investimentos em pesquisa no Brasil vêm do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que tem a Finep como secretaria-executiva. “A expectativa é de que chegaremos muito rapidamente a um orçamento anual da ordem de R$ 20 bilhões, o que permite pensar em um crescimento das atividades científicas no país com grande ênfase no componente da inovação tecnológica, que certamente pode alavancar o desenvolvimento industrial”, comemorou o ex-presidente da Finep Wanderley de Souza em artigo no Monitor Mercantil (“É preciso reagir às tentativas de redução nos recursos para a ciência”). Ele alertou, mês passado, que propostas da equipe econômica poderiam gerar perdas de R$ 8 bilhões por ano no FNDCT.
Em artigo publicado ano passado no Monitor Mercantil (“Quando teremos um financiamento adequado para o desenvolvimento científico no Brasil?”), o professor emérito da Universidade de Brasília Isaac Roitman destacou que o Brasil tem investido cerca de 1,3% a 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em pesquisa, o que é baixo em comparação com outros países, como Estados Unidos, Alemanha, Japão e Coreia do Sul, onde o investimento representa mais de 2% a 3% do PIB. Em Israel, o investimento chega a 4,5% do PIB. “Esses altos investimentos colocam esse país na liderança de altas tecnologias, como a da informação, biotecnologia, ciências exatas e engenharia, abrigando inúmeras startups e empresas de tecnologia de ponta”, explicou Roitman.