Indicadores do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, por sua sigla em inglês), do Federal Reserve, sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. Os ganhos de emprego diminuíram, e a taxa de desemprego aumentou, mas continua baixa. A inflação fez mais progressos em direção ao objetivo de 2% do comitê, mas continua um pouco elevada.
O comitê busca atingir o máximo de emprego e inflação na taxa de 2% no longo prazo. O comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%, e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados. A perspectiva econômica é incerta, e o comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo.
À luz do progresso na inflação e no equilíbrio de riscos, o comitê decidiu reduzir a faixa-alvo para a taxa de fundos federais em 0,5 ponto percentual para 4,75% a 5%. Ao considerar ajustes adicionais à faixa-alvo para a taxa de fundos federais, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a perspectiva em evolução e o equilíbrio de riscos. O comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em dívidas de agências e hipotecas de agências. O comitê está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.
Ao avaliar a postura apropriada da política monetária, o comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para a perspectiva econômica. O comitê estaria preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a obtenção das metas do comitê. As avaliações do comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Votando a favor da ação da política monetária estavam Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Thomas I. Barkin; Michael S. Barr; Raphael W. Bostic; Lisa D. Cook; Mary C. Daly; Beth M. Hammack; Philip N. Jefferson; Adriana D. Kugler; e Christopher J. Waller. Votando contra esta ação estava Michelle W. Bowman, que preferiu reduzir a faixa-alvo para a taxa de fundos federais em 1/4 de ponto percentual nesta reunião.
Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, “o corte de 50 pontos-base pelo Fed, amplamente antecipado pelo mercado, pode ter como efeito imediato uma maior disponibilidade de liquidez, incentivando investimentos em ativos de risco. Após um ciclo de taxas elevadas, a economia dos EUA pode voltar a um período de expansão, com maior estímulo ao consumo e investimentos. Entretanto, alguns mercados emergentes podem acabar sentindo o impacto de um ajuste quanto a fluxo de capital para os EUA, resultando em pressões inflacionárias e desvalorização cambial.”
Já para Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, decisão veio como a maior parte do mercado esperava, com uma divisão de quase 60% a 40%.
“Embora a expectativa tenha sido relativamente bem antecipada, as mudanças nas expectativas nos últimos dias foram significativas. Com essa decisão, é provável que o dólar perde força frente às principais moedas, enquanto o interesse por ativos mais arriscados deve aumentar, o que pode impulsionar as Bolsas.
Ele lembra que o Fed projeta que a taxa de juros atinja 4,4% até o final do ano, comparado aos 5,1% previstos em junho. Isso sugere que eles podem realizar mais dois cortes de 0,25% ainda este ano, considerando o corte de 0,50% anunciado hoje como um ajuste necessário que deveria ter ocorrido na reunião anterior. Para o ano que vem, a previsão é que a taxa seja reduzida para 3,5%, um nível significativamente mais baixo do que o esperado anteriormente.
“Além disso, o Fed aumentou a previsão de desemprego para este ano de 4% para 4,4% e reduziu a expectativa de inflação de 2,6% para 2,3%. Isso sugere que o ciclo de ajuste será mais prolongado do que inicialmente pensado. O mercado pode começar a questionar se o Fed deveria manter o ritmo de cortes de 0,50% caso os dados de desemprego piorem e a inflação se estabilize mais rapidamente. Para o Brasil, o cenário externo melhorou bastante nos últimos 45 dias, o que pode reduzir a necessidade de uma alta drástica nas taxas de juros pelo Banco Central. No entanto, é provável que o BC ainda considere um aumento nas taxas.”