O sistema prisional brasileiro enfrenta uma série de desafios, como superlotação, falta de estrutura e influência do crime organizado sobre os detentos. Mesmo após deixarem a prisão, as dificuldades continuam, especialmente na reinserção social e no mercado de trabalho. Dados do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) mostram que apenas 0,2% dos egressos conseguem emprego formal, enquanto 70% acabam reincidindo. Embora existam programas de reintegração, como o Pró-Egresso em São Paulo, que oferece capacitação e oportunidades de emprego, muitos enfrentam barreiras para sua efetividade.
No entanto, há aqueles que conseguem reverter essa situação. Um exemplo notável é o de Murillo Carizzio, de 31 anos, que fundou a empresa El Patron Platas após deixar a prisão. A marca de joias, especializada em pratas italianas, faturou R$ 4,5 milhões em 2023, e a previsão é de alcançar R$ 6 milhões em 2024. Além disso, ele atua como atacadista e tem planos de expandir para o mercado dos Estados Unidos.
A trajetória de Murillo começou em 2013, quando ele, então estudante de Direito, foi preso. Ao ser libertado em 2014, viu suas chances de emprego formal desaparecerem após seu passado ser descoberto por um empregador. Sua namorada na época vendia semijóias pela internet, e foi aí que Murillo iniciou seu negócio com R$ 500 emprestados. Sua empresa ganhou visibilidade em 2018 ao firmar uma parceria com o rapper Xamã, e logo expandiu para colaborações com outros artistas. Apesar de novos desafios, como uma prisão em 2019 e outra em 2020 por um crime que não cometeu, Murillo manteve sua determinação. Ele lançou o livro “Da Prisão ao Milhão” e abriu a primeira loja física da El Patron Platas em 2024.
Outro exemplo é o de Fabio Vinicius, barbeiro em Vila Velha, Espírito Santo. Após passar 10 anos preso, ele abriu sua própria barbearia. Ainda na prisão, cortava o cabelo dos companheiros de cela, e hoje pensa em expandir o negócio.
Já Gerson Nascimento dos Reis, de 60 anos, é proprietário da rede de salões de beleza World of Hair Brasil. Ele saiu da prisão há quase 30 anos após cumprir pena por assalto à mão armada e começou varrendo uma barbearia. Com apoio dos filhos e da família, conseguiu comprar produtos para revender e financiar um curso de cabeleireiro. Hoje, seus salões especializados em cabelos crespos e cacheados faturam mais de R$ 4 milhões ao ano.