A Ford Motor Company está sob o comando de um novo presidente-executivo, o norte-americano Jim Farley. O CEO prometeu nesta quinta-feira agir com urgência para recuperar os negócios da companhia, o que inclui também a atuação da fabricante no Brasil.
Os números mostram o impacto negativo nos negócios da Ford de forma global. A fabricante apresentou no primeiro trimestre deste ano um prejuízo de US$ 2 bilhões (perda de US$ 0,50 por ação), revertendo o lucro de US$ 1,1 bilhão (US$ 0,29 por ação) visto no mesmo período de 2019. A empresa atribuiu a queda a pandemia do coronavírus.
No período, a receita líquida recuou 14,9%, para US$ 34,3 bilhões, abaixo dos US$ 34,7 bilhões estimados pelos analistas, com o faturamento da divisão de automóveis recuando 16%, a US$ 31,3 bilhões. A divisão financeira registrou recuo de 4,2%, para US$ 3 bilhões.
Todas as regiões apresentaram recuo nas vendas de veículos. As operações na América do Norte venderam cerca de 619 mil veículos no período, queda de 18%, resultando em uma contração de 14% da receita, a US$ 22 bilhões. Na América do Sul, as unidades vendidas recuaram 13%, a 59 mil unidades, e a receita caiu 21%, para US$ 700 milhões.
Brasil
Na segunda-feira desta semana, a subsidiária brasileira da montadora anunciou um Programa de Demissão Voluntária (PDV) na fábrica localizada na cidade de Camaçari, que fica na região metropolitana de Salvador. A empresa diz que o objetivo é ajustar os níveis de produção à desaceleração do mercado, causada pela pandemia da Covid-19. Conforme a Reuters, Farley, em seu primeiro dia como 11º presidente-executivo da Ford, Farley também anunciou uma reestruturação no quadro de executivos que incluiu a nomeação de um novo vice-presidente financeiro.
A promessa de aceleração da recuperação da empresa não é nova e vem em um momento em que o grupo está promovendo uma reestruturação de US$ 11 bilhões, que incluiu o fechamento recente de fábrica em São Bernardo do Campo (SP).
“Durante os últimos três anos, sob o comando de Jim Hackett, conseguimos progresso significativo e abrimos as portas para uma companhia vibrante e com lucratividade crescente”, disse Farley. “Agora é momento de acelerarmos isso.” A Ford reafirmou objetivo de obter margem operacional de 8%, algo definido antes da pandemia de coronavírus. A empresa não especificou quando vai conseguir atingir a meta.
Mas antes da chegada da pandemia, a marca já estava em processo de encolhimento no Brasil. No ano passado, por exemplo, foi decidido o encerramento da planta de São Bernardo do Campo. E as atividades foram interrompidas definitivamente em outubro de 2019 e o terreno vendido à uma construtora. A empresa fechou três fábricas fechadas no estado de São Paulo desde sua chegada no país 1919. Há três anos, a Ford representava a quarta maior força no mercado automobilístico brasileiro.
Sobre o programa de demissões no Brasil, a Ford informou que o PDV é voltado para os empregados da área de produção e ainda não tem detalhes de quantas demissões estão previstas. A abertura do programa foi feita através de um acordo da empresa com o Sindicato dos Metalúrgicos.