Formalização avança, mas informalidade ainda afeta mercado de trabalho

Ano passado teve menor taxa de desemprego da história com aumento de 789 mil pessoas empregadas

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Camelô (Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Camelô (Foto: Tânia Rêgo/ABr)

O ano de 2024 registrou máximas históricas de pessoas empregadas, tanto para a força de trabalho quanto para a ocupação, consolidando o ano como um dos mais dinâmicos da série histórica. A ocupação passou para 103,82 milhões de profissionais, enquanto o desemprego registrou uma queda trimestral de 178 mil pessoas, apontam os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE no quarto trimestre de 2024.

De acordo com análise realizada pela Randstad Research Brasil, o mercado de trabalho brasileiro também tem mostrado sinais positivos no processo de formalização do emprego, com um aumento contínuo do número de trabalhadores formais. Os dados do Pnad mostram que no último trimestre do ano, o número de trabalhadores formais alcançou 63,77 milhões de pessoas, representando um crescimento de 712 mil profissionais e de 2,32 milhões em relação ao mesmo período de 2023.

Esse avanço reflete a criação de empregos com carteira assinada no setor privado, que somou mais 275 milhões de trabalhadores formais no trimestre e diminuiu os sem carteira em 128 mil, consolidando a tendência de maior estabilidade e proteção no mercado de trabalho.

Ainda segundo a Randstad, no quarto trimestre de 2024, o número de trabalhadores informais superou 40 milhões de pessoas, um aumento trimestral de 77 mil pessoas. Os dados apontam que apesar de ter ocorrido um aumento na formalização desde o ano de 2021, reforçado no último trimestre de 2024 com uma queda na taxa de informalidade de 0,2 p.p., esta continua sendo muito alta, fechando o ano com 38,6%.

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“Esse dado mostra que, apesar do crescimento da ocupação, uma parcela significativa dos trabalhadores ainda atua sem garantias previdenciárias e sem acesso a direitos trabalhistas. O crescimento da formalização é fundamental para a sustentabilidade do mercado de trabalho, garantindo maior segurança e estabilidade para os profissionais. Para que essa tendência continue, as empresas devem investir em processos mais estruturados de contratação, oferecer benefícios atrativos e criar ambientes de trabalho que incentivem a permanência dos talentos na formalidade. Por outro lado, os profissionais também desempenham um papel essencial, buscando qualificação e capacitação que os tornem mais competitivos para posições formais”, analisa Mônica Souza, diretora de Negócios da Randstad Operational.

O crescimento do emprego nos setores da construção e do transporte impulsionou o aumento na ocupação no último trimestre de 2024, seguido pelo setor de alojamento e alimentação. Contudo, o setor agrícola registrou uma diminuição de 196 mil empregos, enquanto quase todos os outros setores apresentaram crescimento na empregabilidade durante o trimestre. Em um recorte geracional, a maior queda do desemprego foi observada entre os jovens de 18 a 24 anos, as pessoas com Ensino Médio incompleto e os residentes da Região Sudeste.

Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, “a criação de 137 mil empregos formais em janeiro é um dado positivo, mas não podemos ignorar os desafios à frente. Com a alta dos juros, a inflação e o crescimento do país desacelerando, as empresas enfrentam mais dificuldades para investir e manter o fôlego financeiro. No mercado de crédito, sentimos isso diretamente: o custo do dinheiro subiu, e muitas companhias estão buscando soluções mais estratégicas para manter a liquidez.”

“O bom desempenho da indústria no emprego é um sinal de força, mas para que isso continue, será essencial acompanhar os próximos passos da economia e das decisões sobre juros. De modo geral, o Caged mostra a economia desacelerando, comparando com janeiro do ano passado, apesar de o número vir acima da expectativa do mercado.”

Já para Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, “o resultado do Caged, com a criação de 137 mil vagas formais em janeiro, é um reflexo positivo para o mercado de trabalho, superando as expectativas. No entanto, esse avanço precisa ser analisado com cautela diante da pressão dos juros elevados.”

“Com a Selic numa trajetória de alta, o custo do crédito seguirá desafiador para as empresas, o que pode impactar a continuidade desse crescimento no emprego. Provavelmente, só veremos uma sustentabilidade na geração de empregos quando for iniciado o processo de redução nas taxas de juros”, pondera.

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