Brasília, 28 nov (Xinhua) — Especialistas brasileiros e chineses iniciaram nesta terça-feira em Brasília o Fórum Brasil-China – Marcos para uma Nova Fase de Cooperação para o Desenvolvimento Compartilhado, com ênfase especial na agricultura familiar, tecnologia e soberania alimentar.
Organizado pela Universidade de Brasília e pelo Instituto Taihe, o evento, que termina nesta quarta-feira, ocorre no marco dos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
O evento é coorganizado pela Associação Internacional de Cooperação Popular (Baobab/IAPC) e pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de contar com o apoio de instituições importantes como a Secretaria-Geral da Presidência do Brasil e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
O primeiro dia começou dedicado à discussão dos novos fundamentos da geopolítica contemporânea e das soluções para o desenvolvimento nacional no Sul Global.
Na mesa de abertura, Marcio Pochmann, presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), disse que vivemos uma crise da modernidade ocidental, que precisa ser superada, tendo as guerras e as mudanças climáticas como suas grandes manifestações.
“A questão central é a nossa capacidade de construir um modelo de modernidade que supere o declínio do modelo de modernidade ocidental dos últimos 500 anos. Um modelo na perspectiva Sul-Sul para que possamos recolher resultados diferentes daqueles que tivemos até agora”, ressaltou.
João Pedro Stédile, do Movimento dos MST, por sua vez, destacou a complexidade da crise internacional, que evidencia o que chamou de “declínio econômico do império dos Estados Unidos”, com muitos países discutindo um processo de desdolarização.
Segundo Stédile, o modelo de agricultura familiar é o futuro do Brasil, mas enfrenta grandes desafios para produzir alimentos preservando o meio ambiente. Para isso, disse, é muito importante a cooperação solidária com pessoas como os chineses que já avançaram no desenvolvimento tecnológico e na mecanização da produção agrícola familiar.
Yue Haiping, vice-presidente da empresa chinesa de tecnologia SEMP TCL, que começou como uma joint venture binacional, destacou que a empresa emprega mais de 2 mil trabalhadores brasileiros, com duas bases fabris em Manaus.
O executivo ressaltou o potencial que a China e suas empresas têm na “construção de capacidades avançadas para ajudar na transformação e modernização da indústria brasileira”, além da cooperação científica e tecnológica entre os dois países, e na transição energética.
Liang Yongmei, do Instituto Industrial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, falou virtualmente sobre o caminho para a modernização do modelo chinês baseado na história da industrialização na República Popular da China.
“As culturas do mundo são diversas e a prosperidade e o desenvolvimento a longo prazo só serão possíveis se explorarmos resolutamente o caminho da modernização de acordo com as nossas condições nacionais”, disse ele.
As discussões do fórum continuarão analisando estratégias tecnológicas no campo da agricultura familiar, com a participação de representantes de instituições brasileiras e chinesas e de organizações como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e a Marcha Mundial das Mulheres.
O segundo dia terá como foco a mecanização, a modernização e a agricultura digital no contexto da agricultura familiar. Participarão figuras relevantes, como autoridades do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro, acadêmicos da Universidade Agrícola da China e líderes de movimentos sociais brasileiros.
Posteriormente, serão abordados a soberania alimentar, a agroecologia e a transição ecológica, com uma discussão liderada por representantes governamentais, pesquisadores e lideranças do MST, que explorarão a intersecção entre sustentabilidade e desenvolvimento rural.
O evento culminará com a cerimônia de lançamento do Centro Brasil-China de Pesquisa, Desenvolvimento e Promoção de Tecnologia e Mecanização para Agricultura Familiar.
Este evento contará com discursos de ministros dos dois países, assinatura de memorando de cooperação entre a Universidade de Brasília e a Universidade Agrícola Chinesa, exposição de máquinas agrícolas chinesas e visitas ao Laboratório Vivo de Agroecologia Digital Familiar. Fim
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