O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, ressaltou na abertura do Fórum Empresarial do Brics 2025 que este é um momento importante que fortalece a parceria entre Governo Federal e setor privado, “visando o desenvolvimento para diminuição do hiato na nossa sociedade”, e “um espaço de articulação e formulação de propostas para ampliação dos frutos em comércio e investimentos intrabloco”.
O Fórum, realizado neste sábado no Rio de Janeiro, “é uma plataforma para o avanço da cooperação diante dos desafios globais que reúne esforços dos países-membros para promover uma agenda baseada em inovação, sustentabilidade e inclusão econômica”, de acordo com a CNI.
De acordo com dados do governo brasileiro, os países do Brics representam 48,5% da população mundial, 36% do território do planeta, 40% do PIB global e 21,6% do comércio (TradeMap; Banco Mundial). A corrente de comércio do Brasil com o Brics totalizou US$ 210 bilhões, representando 35% do total em 2024.
O bloco foi destino de US$ 121 bilhões das exportações brasileiras, representando 36% do total exportado pelo Brasil em 2024, e a origem de US$ 88 bilhões das importações, representando 34% do total importado pelo Brasil no mesmo ano (ComexStat). No ano anterior, os investimentos dos países do bloco no Brasil totalizaram cerca de US$ 51 bilhões (Banco Central).
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Alban lembrou que o volume deste comércio ainda representa muito pouco, e é preciso avançar, “dada a relevância do bloco para economia nacional”, e que “o fortalecimento da cooperação é indispensável”. Para tanto, “é preciso estarmos alinhados com as prioridades do bloco. A CNI é parceira nesta jornada”, concluiu.
Alban disse que desde a criação do Conselho Empresarial do Brics (CEBrics) e da Aliança Empresarial das Mulheres, “a CNI tem buscado o entendimento entre o setor privado e os governos de nossos países”. Ele também frisou que a iniciativa tem o propósito de “contribuir por um mundo menos desigual a partir do fortalecimento das mulheres”.
Lula e Alckmin destacam papel do Brics na geopolítica mundial
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alkmin, recordou que “em pouco mais de uma década, os Brics se transformaram em protagonista da geopolítica mundial”. Acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende maior protagonismo Sul-Sul, multilateralismo e livre comércio que promove o desenvolvimento.
Lula enfatizou que o desenvolvimento dos Brics precisa “reafirmar o regime multilateral e uma nova arquitetura financeira”. O presidente da República afirmou que os países-membros e parceiros representam 30% das terras agricultáveis, 84% das terras raras, citou inúmeros ativos do Brasil e do bloco, a importância do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e dos bancos nacionais de desenvolvimento, e ao finalizar, disse que temos “a oportunidade de combater a desigualdade e alavancar o investimento”.
“Não haverá prosperidade em mundo conflagrado. Estou certo de que a cúpula dos Brics apontará soluções contra a indiferença, e construiremos a solidariedade”. Em aceno às mulheres empresárias presentes, comentou que são apenas 16% as mulheres no mundo empresarial, e que mudar este quadro, “depende da ousadia de vocês”.
No Fórum Empresarial do Brics, primeiro-ministro da Malásia convida Lula a reunião da Asean
O cenário nacional apontado pelo estudo “Mulheres no Comércio Exterior – uma análise para o Brasil”, divulgado em março de 2025 pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), revelou que “mesmo com avanços, como o aumento na participação feminina em empresas exportadoras brasileiras de 29,2% para 31,8%, e em importadoras de 32,5% para 34,7%, apenas 14,5% das exportadoras possuem maioria feminina no quadro societário, e só 2% do total exportado pelo Brasil provêm de empresas lideradas por mulheres”.
Por fim, Anwar bin Ibrahim, primeiro-ministro da Malásia, destacou que “aqui temos a voz da colaboração e do multilateralismo, e queremos garantir que teremos posição de firmeza de nossos países q já foram colonizados”.
“Acredito que os empresários podem fazer a diferença no curso da história da humanidade, coesos, com voz única, arranjos multilaterais, apoiando causas justas. E isto não é retórica, mas ações concretas. O pilar está na comunidade de negócios”, concluiu Bin Ibrahim, que convidou Lula a participar, em outubro, do encontro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). “Convoquei os nossos empresários a se prepararem”, enfatizou Lula.
O evento no Rio de Janeiro é organizado pela CNI, coordenadora do CEBrics e da Women’s Business Alliance (WBA), grupos de engajamento do setor privado dos países-membros, durante a presidência brasileira do bloco. O Fórum Empresarial reúne governos, empresários dos países-membros ou parceiros e suas entidades.
Por Andrea Penna, especial para o Monitor