A ONG Transparência Brasil afirma que ofende a inteligência pretender absolver os crimes denunciados na CPI dos Correios porque seriam destinados a formar caixa dois para eleição – “como se caixa dois não fosse sempre fraudulento, tanto no destino quanto na origem”. “A prosperar essa estratégia”, continua a ONG, “os malfeitores tanto de um lado quanto do outro da mesa permanecerão impunes”.
Favorecimento
Tão importante quanto o destino do dinheiro fraudulento é sua origem. “Trata-se do fruto da corrupção, materializada no direcionamento de licitações públicas, na leniência na fiscalização de contratos, no perdão fraudulento de dívidas e multas previdenciárias e tributárias, na promulgação de legislações que favorecem setores econômicos, no favorecimento de interesses específicos em decisões governamentais, no desvio de finalidade em aplicações financeiras e numa multidão de outros mecanismos.”
Origem
Segundo pesquisa da mesma Transparência, durante a campanha eleitoral de 2004, 9% dos eleitores brasileiros receberam oferta de dinheiro ou de algum bem material em troca de seu voto. As regiões em que o fenômeno se apresentou com mais intensidade foram a Sul, com 12%, e a Nordeste, com 11%. Nas regiões Norte/Centro-Oeste foi de 9% e a menos afetada foi a Sudeste, com 5%. Considerando-se exclusivamente a oferta de dinheiro, a incidência nacional foi de 3%, sendo que na região Sudeste foi de 1% e em cada uma das demais regiões de 5%.
Astro
O deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) debate, na próxima segunda-feira, às 15h, com o diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, a crise política. Organizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o evento será no Hotel Jaraguá, em São Paulo, com transmissão ao vivo pela RedeTV! Pelo visto, Jefferson ainda acaba convidado para estrelar alguma novela mexicana.
Origem
“O governo está em crise porque possui uma base desmoralizada pelas denúncias do mensalão. Mas, principalmente, porque os resultados econômicos, após quase três anos de governo, não são contundentes, embora sejam um pouco melhores que os resultados da era FHC.” O diagnóstico é do economista João Sicsú, da UFRJ e que, embora contundente, ainda soa um tanto benevolente com a atual administração. Na verdade, os dois governos primam pelo crescimento medíocre, na faixa de 2%, e pela tragédia do desemprego, com todos seus efeitos sociais.
Santo de casa
Recluso em Brasília desde o estouro da crise, o deputado José Dirceu (PT-SP) não tem conseguido relaxar mesmo quando afastado dos grandes centros. No fim de semana passado, Dirceu foi hostilizado até em sua cidade natal, a pacata Passa Quatro (MG). Depois de uma rápida visita a sua mãe, o ex-ministro foi hostilizado por um grupo de jovens ao tentar sacar dinheiro em um caixa eletrônico. Dirceu foi saudado pelos jovens aos gritos de “cadê o mensalão?” e “não envergonhe nosso povo humilde de Passa Quatro”.
Fora de sala
Cerca de 30% dos professores afastados das salas de aulas o foram por licença médica temporária (doenças do aparelho respiratório, transtornos mentais e comportamentais etc.); para readaptação profissional (doenças nas cordas vocais e laringe) ou por aposentadoria por invalidez (doenças do sistema ortomolecular e do tecido conjuntivo). Os dados constam de pesquisa da psicóloga Flávia Lima em duas escolas públicas municipais do Sudeste sobre os motivos que levaram os professores a se afastarem do trabalho. A pesquisa será apresentada nesta sexta, às 10h, pela Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no seu auditório, na Rua Visconde de Uruguai 300, no Centro.
Luta nas classes
A psicóloga verificou a existência recorrente de hipertensão arterial, doenças respiratórias e no aparelho locomotor, distúrbios mentais e estresse e atribuiu-as a questões ergonômicas – como postura corporal e carga mental; e o mal-estar docente – e ao medo dos professores de enfrentar a violência nas escolas e os ataques verbais sistemáticos de alunos cada vez mais agressivos: “Como consequências do afastamento dos professores, temos o sentimento de futilidade e a negação do adoecimento como autodefesa”, observa Flávia.