Nem bem começou a campanha internacional “Free Brittney Griner!” pela libertação da atleta norte-americana Brittney Griner (1990; jogadora da WNBA, liga de basquete praticado por equipes femininas), em 17 de fevereiro deste ano, e, consequência de um acordo entre o Governo da Rússia e o Governo dos EUA, ocorreu a troca de prisioneiros (que fora cogitada no início da crise, descartada pela Rússia, porém).
A acusação à atleta foi baseada no fato de ela ingressar na Rússia portando óleo de haxixe, com o prenúncio da invasão da Ucrânia. Griner foi detida, julgada, condenada a nove anos de prisão por tráfico de drogas, transferida para uma das conhecidas colônias penais russas, por ingressar naquele país portando o óleo que ela utiliza sob orientação médica (com receita) para atenuar dores físicas, características da prática esportiva por atletas de alto desempenho; na Rússia não é permitido, porém.
Logo a Rússia, de Putin, barrada nos bailes de um grande número de competições internacionais, com proibição de execução do hino nacional e da bandeira do país (a exemplo da recém-encerrada Copa do Mundo de Futebol da Fifa, no Catar), pelo uso e abuso de substâncias ilícitas, através da institucionalização de um esquema amplo, criado e mantido nos gabinetes das autoridades públicas que tinham o dever de ofício de impedi-lo, conforme consta de forma detalhada no Relatório McLaren.
O Relatório traz afirmações impactantes, entre outras, como a afirmação do jurista canadense Richard McLaren de que há fortes evidências de doping generalizado na Rússia, no período 2011 até 2015, envolvendo mais de mil atletas, de 30 modalidades, no que ele classificou como “conspiração institucional”.
Na quinta-feira, 8 de dezembro, Brittney Griner foi trocada por Victor Bout, traficante internacional de armas, preso nos EUA desde 2012.
A cobra está comendo a si mesma pela cauda
A economia de mercado tem ensejado, com frequência cada vez maior, a edição de livros, manifestações, matérias jornalísticas, entre outras, com severas críticas à economia política, ou às políticas públicas econômicas, por serem portadoras de males, como exclusão, concentração, danos ambientais, superexploração do trabalho, externalização de custos, desde os enclosures ingleses, até os alunos do nobeliável Greg Mankiw, espécie de porta-voz do sistema, que abandonaram as aulas do mestre famoso, em Harvard, deixando justificativa em carta aberta (novembro de 2011), em decorrência do aleamento da realidade de vida nas suas aulas.
Entre as críticas de maior difusão, estão dois livros, sem a pretensão de esgotar a lista e reconhecendo que toda seleção contém subjetividade. O primeiro é Free, the future of a radical price, Editora Hyperion, onde o autor, Chris Anderson, toma por exemplo alguns serviços contemporâneos, observa o comportamento deles e conclui em resumo, que, enquanto o custo dos insumos digitais cai acentuadamente, a capacidade dos processadores dobra a cada 18 meses, fenômeno conhecido como Lei de Moore. Discos de armazenamento e redes de telecomunicações obedecem a comportamento análogo.
O autor afirma que nunca houve tantos produtos “free”. Tomando por exemplo o Google, são gratuitos: buscas ao e-mail, vídeos do YouTube, processador de texto online etc. Anderson ultrapassa a faixa contínua e, com base na realidade de alguns artistas populares, cuja receita é formada principalmente pelas apresentações em espetáculos ao vivo, têm na pirataria uma aliada (citada a banda Calypso). Anderson afirma que Lei de Moore mais pirataria serão sentidos pelos mercados. Serviços de leitura dos jornais Financial Times, The New York Times e The Washington Post são exemplos também de serviços gratuitos para o usuário final.
Anderson já se adiantou em dizer que o livro de sua autoria será cobrado… nada de gratuidade…
O outro livro é The zero marginal cost society (editora Palgrave Mcmiliar; 2014), de Jeremy Rifkin. Nele, Rifkin argumenta que o aspecto descendente, na linha do tempo, do custo marginal de produzir cada unidade do produto, como decorrência da Internet das Coisas, que constrói um novo paradigma com base nos bens comuns colaborativos.
É o prenúncio da próxima era, a era da economia de compartilhamento, que no dizer do próprio Rifkin, “a economia do compartilhamento já está mudando o modo como organizamos nossa vida econômica, oferecendo a possibilidade de reduzir drasticamente a concentração de renda, democratizar a economia global e criar uma sociedade mais ecologicamente sustentável.
Rifkin aborda temas complexos com objetividade, a exemplo da natureza humana na ótica capitalista, a visão iluminista da natureza humana, a mudança do paradigma econômico, entre outros.
Jeffrey Miller e Thomas Vollman (Universidade de Boston), na publicação The Hidden Factory, ofereceram tempero saboroso na interpretação do novo paradigma, ao pesquisarem o mais irredutível custo das empresas. Os custos indiretos crescem até 130% mais do que os custos diretos. Com isso, deverão representar o maior obstáculo na mudança do paradigma da nova era da gestão empresarial e de pior qualidade. O desafio está em campo.















