Frete: o vilão das vendas online no Brasil

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Entrega de encomendas, frete por Sedex - Correios
Entrega de encomendas, frete por Sedex (foto de Fernando Frazão, ABr)

Com o agravamento da pandemia da Covid-19, as vendas online voltaram a crescer. Um estudo da Ebit/Nielsen em parceria com a Elo mostrou que o faturamento do e-commerce no Brasil registrou um aumento de 47% no primeiro semestre de 2020. Números que devem se repetir em 2021.

Mas quando um pedido é feito online é necessário entregá-lo, certo? É aí que vem o dilema do brasileiro quando tratamos de comércio eletrônico: com o aumento no volume de vendas, o problema com as entregas sempre estoura. Isso leva a fretes mais caros, prazos de entrega maiores e o chamado “frete grátis” cada vez menos frequente. Alguns fatores contribuem para tal cenário.

O primeiro é que muitos varejistas e atacadistas não esperavam essa alta demanda do online e não puderam se planejar com antecedência. Mesmo aqueles que já tinham certa estrutura digital tiveram que aumentar suas equipes ou repensar seu modelo de trabalho.

O segundo ponto tem a ver com as transportadoras. A maioria teve prejuízo financeiro durante a pandemia, afinal, nem todas atuam no segmento de entrega de comércio eletrônico. Isso fez com que essas empresas não conseguissem expandir seu modelo de negócio para atender às novas demandas.

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Outro fator está relacionado aos altos custos rodoviários. Inúmeros valores incidirão no preço final do frete, entre eles as altas taxas de pedágios cobrados em alguns estados, o valor do combustível, a depreciação dos veículos de transporte, os impostos que incidirão sobre o CTR (Conhecimento de Transporte Rodoviário)…

A logística ainda interfere nos prazos de entrega. O Brasil é um país muito grande e sua malha é extremamente precária em algumas regiões. Além disso, existe a centralização dos centros de distribuição. Em geral, as cotações de frete que têm origem e destino no Sul e Sudeste são mais baratas em relação a outras regiões. Isso porque a maior parte dos pedidos online efetuados no Brasil estão localizados nessas regiões, fazendo com que os centros de distribuições também se instalem nesses locais.

Porém, a realidade pós-Covid-19 é outra: um estudo apontou que, das 17 regiões que apresentaram aumento nas vendas acima da média nacional no 1º semestre de 2020, 13 estavam no Norte e Nordeste do país.

Por último, vale destacar que é difícil fazer com que a loja virtual consiga otimizar o processo de cálculo de frete. Embora haja empresas que consigam fazer a cotação em várias transportadoras ao mesmo tempo, essas ferramentas não estão acessíveis a todos.

Por tudo isso, o custo do frete da venda online pode representar de 10% a 15% do valor total do pedido. Uma proporção que deixa evidente a necessidade de uma reorganização em toda a cadeia para atender a essa nova demanda – que veio para ficar.

 

Nathan Moojen é fundador e CEO do Moda Online.

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