De acordo com dados da última análise do Índice de Frete Rodoviário da Edenred Frete (IFR), com base em dados da plataforma Edenred Repom, o preço médio do frete por quilômetro rodado no país voltou a registrar alta em maio. O valor médio nacional passou de R$ 7,34 para R$ 7,43, registrando, assim, alta de 1,23% em relação a abril e interrompendo uma sequência de dois meses em queda.
Embora o preço do diesel tenha registrado retração de mais de 2,5% em maio, segundo o Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL), essa redução ainda não teve reflexo nos valores praticados para o frete rodoviário. Isso porque a nova tabela com piso mínimo reajustado para baixo pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) só foi publicada no fim do mês, no dia 29. Com isso, os efeitos desse ajuste devem começar a aparecer nas próximas semanas.
“Mesmo com o diesel mais barato, o valor do frete demonstrou leve alta. Isso se deve ao fato de que durante o mês de maio alguns segmentos tiveram aumento na demanda, mas principalmente pelo fato de que a taxa Selic subiu 0,5%, indo para 14,75%, logo no começo do mês. Com o aumento dos prazos de pagamentos no setor de transportes, cada vez mais a taxa de juros tem se tornando uma variável importante na formação do preço do frete”, explica Vinicios Fernandes, diretor da Edenred Frete.
O cenário econômico também pode influenciar o comportamento do frete nos próximos meses. Segundo o Índice de Gerentes de Compras (PMI), a indústria brasileira registrou retração em maio pela primeira vez em 17 meses, impactada pela baixa demanda. “Esse desempenho da indústria pode influenciar o ritmo de contratações no setor de transporte nos próximos meses. Por outro lado, o setor agropecuário projetou uma recuperação de produtividade para o novo ciclo 2024/25, o que pode movimentar o mercado de fretes nos próximos meses”, finaliza Vinicios.
O consumo de combustíveis no Brasil tem crescido de forma consistente em 2025, acompanhando os sinais de recuperação econômica e aumento da atividade produtiva. Setores como o agronegócio, transporte rodoviário e indústria aumentam a demanda por diesel e gasolina, fortalecendo a correlação histórica entre crescimento econômico e consumo energético.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o consumo do diesel no acumulado de janeiro a abril deste ano seguiu 3% acima do observado no mesmo período de 2024, alcançando 21,82 bilhões de litros. Esses números acompanham o avanço do Produto Interno Bruto, que, segundo o IBGE, cresceu 1,1% no primeiro trimestre, impulsionado pelo setor de serviços e pela cadeia de produção agrícola.
“O consumo de combustíveis é um dos termômetros da atividade econômica. Quando há mais produção, mais entregas e mais circulação de pessoas e mercadorias, o reflexo no abastecimento é direto”, afirma Vitor Sabag, especialista em Combustíveis do Gasola.
O especialista explica que esse aumento da demanda ocorre especialmente em regiões com maior volume de transporte de cargas, como o Centro-Oeste, que lidera o escoamento da safra agrícola, e o Sudeste, onde a produção industrial mostra sinais de recuperação.
“No Brasil, mais de 60% da matriz de transporte de cargas é rodoviária, e o diesel é o principal combustível utilizado. Com o aumento das entregas e do consumo interno, é natural que o diesel volte a subir, mesmo que haja variações no preço internacional do petróleo”, comenta Sabag.
Além do diesel, a gasolina também segue em alta, impulsionada pelo aumento na circulação urbana e pelo crescimento do setor de serviços, principalmente turismo e mobilidade urbana.
Com previsão de crescimento econômico moderado, mas constante, para o segundo semestre de 2025, a expectativa é de que o consumo de combustíveis continue acompanhando o ritmo da economia. No entanto, especialistas alertam para a importância do controle, já que o cenário internacional, a política de preços da Petrobras e os contratos de distribuição ainda geram instabilidades.