Funcionários do Mc Donald’s protestam por respeito a direitos trabalhistas

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Em nota, empresa fala em “disputa sindical que utiliza a rede para ganhar visibilidade”
Funcionários que trabalham na rede americana de fast food Mc Donald’s fazem protestos hoje, na região da Avenida Paulista, exigindo respeito aos direitos trabalhistas brasileiros. Os manifestantes denunciam acúmulo de função, falta de equipamentos de proteção individual, assédio moral e salários inferiores ao mínimo.
A concentração do protesto começou às 10h, no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e seguiu em passeata, às 11h, em direção Praça Ramos de Azevedo, onde há uma loja do Mc Donald’s. No Brasil, a campanha #SemDireitosNãoéLegal foi marcada para ocorrer em vários estados, integrando a ação em vários países.
O ex-funcionário do Mc Donald’s Lucas da Cruz Marques, 20 anos, contou que trabalhou como atendente da madrugada na empresa e que, apesar da função, acumulava outras atividades como recebimento de cargas e manuseio de produtos químicos, muitas vezes sem equipamento de proteção.
– Ficava até duas horas numa câmara fria, usando só um jaleco – disse.
O intervalo intrajornada também não era respeitado, segundo o ex-funcionário.
– A gente tinha que comer um lanche sem cumprir uma hora de almoço, eram 15 minutos. Mas batia a marcação como se tivesse descansado por uma hora – disse ele. O salário que Lucas recebia era de R$ 900, com adicional noturno, mas ele lembra de colegas que trabalhavam de manhã e à tarde que recebiam apenas R$ 400.
Rafael Costa da Silva, 27 anos, trabalhou por cinco anos no Mc Donald’s, sendo promovido até o cargo de gerente. Ele conta que ficou doente em razão do desrespeito às normas trabalhistas.
– Quando fazia o fechamento, mexia na chapa quente, fazia troca de óleo, sem o equipamento necessário. As botas não tinham uma limpeza correta e escorregavam. O casaco da câmara fria, de menos 21 graus, fedia. O gerente me pedia para entrar na câmara, não tinha tempo para pôr o casaco, eu colocava só um jaleco quente da chapa e entrava. Tive princípio de pneumonia – relatou.
Um gerente que trabalha no Mc Donald’s há sete anos e preferiu não se identificar, por temer retaliações, também falou sobre a existência de abusos. Mesmo sendo gerente, ele precisa, muitas vezes, trabalhar com a chapa fazendo os lanches, já que há falta de empregados.
– Fiquei doente várias vezes, sofri várias queimaduras. E o nosso salário varia, eu ganho R$ 1,7 mil, às vezes vem R$ 200 a menos, não sabemos o porquê. Tem atraso de pagamento das férias. E não cumpro uma hora de almoço – disse.
Josimar Andrade, diretor da União Geral dos Trabalhadores, conta que o protesto foi coordenado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (Sinthoresp).
– Estamos contra a política de exploração do Mc Donald’s dentro de suas lojas, é um dia de ação global. Nos EUA, na matriz, várias cidades, estados americanos, têm protestos e greves – afirmou.

Outro lado – Em nota, a Arcos Dorados, proprietária do Mc Donald’s, diz que “a companhia informa que respeita manifestações de cidadãos e sindicais e esclarece que os 35 mil funcionários da empresa são representados por 80 sindicatos em todo o país, conforme orientação do Ministério do Trabalho. Especificamente na cidade de São Paulo, o sindicato em questão, que organiza as manifestações com o amparo de outras entidades, não possui legitimidade para representar os trabalhadores do setor, conforme decisões recentes no Tribunal Superior do Trabalho (TST).  Trata-se de uma disputa sindical, que já dura quase 20 anos, a respeito da representatividade do setor, e que utiliza o Mc Donald’s como bandeira para ganhar visibilidade. As manifestações de hoje simbolizam mais um capítulo desta batalha entre sindicatos e não tem adesão de funcionários da empresa. Temos convicção do cumprimento da legislação, seguida pela companhia desde a abertura do seu primeiro restaurante brasileiro, há 37 anos. Em mais de três décadas de Brasil, a Arcos Dorados, maior franqueadora da marca Mc Donald’s no mundo, é uma das melhores empresas para se trabalhar no país e trata seus funcionários com ética e respeito. Tanto que suas práticas laborais são premiadas e reconhecidas por instituições respeitadas pelo mercado. Ao longo desses anos, a empresa já capacitou mais de 1,5 milhão de pessoas tanto para as funções operacionais, quanto para valores como trabalho em equipe, comunicação, liderança e hospitalidade. O investimento anual superior a R$40 milhões em treinamento possibilita que esses jovens tenham oportunidades de carreira e crescimento profissional e pessoal e rápido avanço salarial.”

Com informações da Agência Brasil

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