Fundamentos do oscilante mercado de petróleo

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Barril de petróleo
Barril de petróleo (ilustração Pixabay)

Nos últimos anos, o preço do petróleo foi impulsionado pela redução de oferta pela Opep+, sanções à Rússia e incertezas geopolíticas no Oriente Médio, como o conflito entre Israel e Hamas. Esses eventos diminuíram o impacto da política monetária americana no mercado energético, uma vez que os juros altos trazem suporte para o dólar, tornando as commodities mais caras para quem possui outras moedas.

Nos próximos meses, o mercado de petróleo deverá oscilar entre pressões de alta, impulsionadas por possíveis ajustes na política monetária norte-americana, e pressões de baixa, provenientes da demanda chinesa. Ainda é provável que o segundo semestre se encerre com uma média acima de US$ 78 por barril, mas as perspectivas para o começo de 2025 são mais incertas.

O preço do petróleo caiu mais de 5% em julho, atingindo seu menor nível desde o começo de junho, devido à falta de crescimento nas importações chinesas e uma queda de 6,7% no mês passado na comparação anual. Nos próximos meses, o mercado de petróleo deve oscilar entre pressões de alta, devido a possíveis ajustes na política monetária americana, e pressões de baixa, causadas pela demanda chinesa.

Nos últimos meses, o preço do petróleo tem oscilado entre US$ 70 e US$ 90 por barril. Por um lado, tensões geopolíticas impulsionaram os preços para patamares próximos de US$ 90. Por outro, dados sobre a macroeconomia americana, em alguns momentos, pressionaram os preços para níveis próximos de US$ 70.

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“Agora, estamos observando o inverso. O PIB americano cresceu 2,8% no segundo trimestre, enquanto a inflação, conforme dados do PCE, não mostrou um aquecimento. Ambos os indicadores reforçam a tese pelo corte de juros em setembro”, diz Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint Global Markets. Ele aponta que, contudo, os principais benchmarks do petróleo encerraram a terceira semana consecutiva em baixa. O Brent fechou a US$ 81,13, registrando uma queda de 1,82% em relação à semana anterior. Já o WTI finalizou a sessão em US$ 77,16, com uma retração de 3,71%.

A redução das importações chinesas, somada à diminuição das tensões geopolíticas no Oriente Médio em decorrência de negociações para um cessar-fogo, reduziu em parte alguns fundamentos de alta no mercado. Neste contexto, a Hedgepoint discute quais os fundamentos de mercado têm impactado o preço do petróleo, nas últimas semanas.

Corte de juros

Nos últimos anos, uma série de fatores beneficiaram o preço do petróleo e seus derivados. As ações da OPEP+ removeram aproximadamente 5,86 milhões de barris por dia do mercado. A invasão da Ucrânia trouxe sanções à Rússia e ocasionou interrupções no fornecimento de petróleo e gás natural do país para a Europa. No ano passado, o ataque do Hamas em Israel gerou incertezas no Oriente Médio e aumentou os prêmios geopolíticos no mercado.

“Se, por um lado, esses eventos reduziram o impacto baixista da política monetária americana no mercado energético, por outro, é importante observar que juros altos dão suporte ao valor do dólar, o que, por sua vez, afeta o consumo de commodities. Como essas commodities são negociadas em dólares, tornam-se mais caras para os detentores de outras moedas”, explica Victor.

“Depois de o primeiro semestre frustrar as expectativas mais otimistas que esperavam uma redução nos juros dos EUA, o último balanço de dados alimenta as esperanças por um corte de 25 pontos base pelo Fed em setembro. Talvez como reflexo desse movimento, agentes especuladores estão aumentando suas posições compradas no mercado como mostram dados da CFTC e do ICE”, acredita.

Consumo para 2024

O preço do petróleo registrou uma queda superior a 5% em julho, atingindo seu menor nível essa semana desde o início de junho. O principal motivo é que as importações chinesas de petróleo não mostraram crescimento em 2024, como inicialmente esperado, e, em junho, apresentaram uma queda de 6,7% em comparação com o mesmo período do ano passado.

“Outros dados trazem incertezas para o consumo de petróleo da segunda maior economia do mundo. A produção nas refinarias foi 3,7% menor na comparação anual em junho, o PMI de manufatura está abaixo de 50, indicando contração, e a crescente participação relativa dos carros elétricos na economia chinesa tem reduzido o consumo de gasolina no país. O balanço desses indicadores poderá resultar em revisões baixistas sobre a expansão no consumo por petróleo em 2024”, pontua.

E conclui: “Ainda, uma eventual administração Trump poderá trazer mudanças significativas para o mercado de petróleo. No curto prazo, sua política protecionista deverá resultar em uma atividade econômica no país mais forte, mas pode afetar o ciclo de afrouxamento da política monetária. A longo prazo, políticas que incentivem a produção doméstica de petróleo nos EUA podem alterar o equilíbrio de forças no mercado global, com potencial para pressionar os preços para baixo”.

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