Fundo de previdência privada ou investimento independente?

Sucessão, prazo, rendimentos: o que levar em conta na hora de escolher um complemento da aposentadoria. Por Gilmara Santos

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Previdência, pote com moedas

A população brasileira está vivendo mais. De acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com mais de 65 anos já representam quase 11% do total, chegando a pouco mais de 22 milhões de habitantes. Para se ter uma ideia, nos anos 1980, o percentual de 65+ era de apenas 4% do total da população. O envelhecimento está levando as pessoas também a refletirem sobre como vão se manter financeiramente no futuro. O levantamento “Raio X do Investidor Brasileiro”, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em parceria com o Datafolha, mostra que nove em cada dez aposentados dependem exclusivamente da previdência pública para o próprio sustento. Entre as demais pessoas desse público, 4% contam com a renda do próprio trabalho e 3% com previdência privada.

Diante deste cenário, a previdência privada aberta começa a despertar o interesse dos brasileiros. Relatório da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) mostra que o setor cresceu 8,8% no ano passado na comparação com 2022 e, de acordo com o Censo Demográfico de 2022, 9% da população adulta tem previdência privada.

Garantir a tranquilidade financeira no futuro é o principal objetivo para quem adquire um produto de previdência privada. Apesar de a previdência privada aparecer como uma das principais opções para garantir a segurança financeira na velhice, especialistas alertam que a escolha do melhor investimento deve ser feita com cautela. Especialistas alertam que a escolha merece uma análise profunda dos diversos elementos envolvidos, incluindo taxas, impostos e transparência nas operações. Mas, afinal, investir em previdência privada ou fazer um investimento independente?

Robinson Trovó
Robinson Trovó (foto reprodução Linkedin)

Robinson Trovó, CEO do Centro de Inteligência Financeira Rhova, lembra que a previdência privada tem sido frequentemente apresentada como um refúgio seguro para a aposentadoria, prometendo estabilidade e conforto financeiro no futuro. No entanto, uma análise criteriosa revela que essa suposta segurança pode ser, na verdade, uma ilusão.

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Ele explica que as taxas administrativas e os impostos relacionados podem corroer significativamente os retornos sobre o investimento, enquanto a opacidade em relação aos investimentos realizados pode gerar desconfiança sobre a eficácia do plano.

“Contrapondo-se à previdência privada, surge o investimento independente como uma alternativa atrativa. A ideia de assumir o controle total de suas finanças, sem as amarras das instituições financeiras, seduz muitos investidores”, diz Trovó.

A abordagem independente é caracterizada pela busca da compreensão do mercado, pela criação de estratégias personalizadas e pela liberdade de escolha de ativos. No entanto, essa liberdade não vem sem seus próprios desafios: a necessidade de educação financeira, a disciplina para seguir um plano de investimento e a habilidade para lidar com a volatilidade do mercado.

Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital e pós-graduada em Mercado Financeiro e Capitais, explica que a previdência privada e uma carteira independente são coisas bem diferentes, mas complementares. “Os clientes normalmente não têm só previdência ou só uma carteira. Então, eles têm a carteira, mas também têm uma previdência, até pelos benefícios que traz a previdência num momento de sucessão”, comenta.

“Então, falando em previdência privada, quando a gente fala em sucessão, se uma pessoa vem a faltar, os beneficiários que estão na previdência recebem esse recurso em 15, 20 dias. Então, o envio desse dinheiro para beneficiários é muito mais fácil porque não entra em inventário. Tem uma alíquota de Imposto de Renda muito mais baixa, que chega até 10% de IR sobre a rentabilidade, no caso do VGBL. E, no caso do PGBL, além dos aportes que o cliente fizer, ele ainda pode abater no imposto de renda”, diz Andressa.

Andressa Bergamo, sócia da AVG Capital (foto reprodução rede social)
Andressa Bergamo (foto reprodução rede social)

Já na carteira de investimentos, comenta ela, é possível ter desde CDBs simples e seguros até ações da Bolsa, que são ativos mais sofisticados, mais arrojados. “Então, assim, você pode buscar mais rentabilidade nesses produtos que você tem maior flexibilidade e liquidez dentro de uma carteira de investimento”, avalia Andressa ao comentar que na previdência, como é um produto de longo prazo, é necessário até 10 anos para ter a alíquota mínima de IR.

“Numa carteira de investimento, a gente pode ficar vendendo, comprando, entrando no mercado, fazendo movimentações a todo momento, comprando na baixa, vendendo na alta, fazendo trade. E na Previdência já não, são fundos que você escolhe, mas hoje já tem um leque muito grande de fundos de investimento dentro da Previdência que vai desde renda fixa para multimercados até fundos de ações. Então, isso já ajuda bastante para a gente diversificar ativos de investimento. No mais, é a questão primeiro da sucessão, que a Previdência é um benefício para o cliente, e na carteira a gente não tem muito isso. Teria que procurar outros veículos para a sucessão”, comenta.

Gilmara Santos, especial para o Monitor

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