Fusões e aquisições de educação caem 58%

No geral, números devem voltar a crescer em 2024; tendências demonstram apetite de investidor para compra majoritária e volta dos fundos de private equity

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Estudantes universitários em sala de aula (Foto: ABr/arquivo)
Estudantes universitários em sala de aula (foto ABr)

O Brasil registrou 22 fusões e aquisições de empresas de educação em 2023, uma queda de 58% na comparação com 2022, quando 53 transações desse tipo foram realizadas. Das 22 transações de 2023, 18 foram domésticas, três do tipo cross border1 (CB1), quando empresa de capital majoritário estrangeiro adquire, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil e 1 do tipo cross border4 (CB4), quando empresa de capital majoritário estrangeiro adquire empresa de capital majoritário estrangeiro estabelecida no Brasil. Os dados constam na tradicional pesquisa da KPMG sobre o assunto, realizada com empresas de 43 setores da economia brasileira.

O setor de educação apresentou os seguintes resultados nos últimos cinco anos: 22 transações em 2023, 53 em 2022, 52 em 2021, 27 em 2020 e 32 em 2019. A maior quantidade de operações ocorreu em 2022, sendo esta a melhor marca do setor na série histórica desde 2008.

“Houve um certa frustação no volume de transações de M&A em 2023 depois de um recorde de transações em 2022. Parte da retração esteve associada as incertezas das políticas públicas para o setor de educação que seriam implementadas em 2023 em função das mudanças de governo e também por questões econômicas. Além disso, o ciclo de transações no ensino superior ficou mais restrito, onde as empresas passaram a buscar ativos mais qualificados e o ensino básico, de um modo geral, ainda está em processo de recuperação na captação de alunos no período pós-pandemia”, analisa Marcos Boscolo, sócio-líder do setor de Educação da KPMG no Brasil.

Segundo a pesquisa, o Brasil registrou 1.505 fusões e aquisições de empresas em 2023, uma queda de 13% na comparação com 2022, quando foram realizadas 1.728 operações desse tipo. Apesar de 2023 ter registrado menos operações que 2022, e menos também que 2021 (1.963 transações), os números atuais são superiores a períodos anteriores: 1.117 em 2020, 1.231 em 2019, 967 em 2018, 830 em 2017, e 740 em 2016.

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Já o relatório mensal de fusões e aquisições produzido pela PwC Brasil mostrou que 2024 começa registrando 85 operações de fusões e aquisições no país, mesmo número registrado em janeiro do ano passado, porém com características de mercado que já revelam uma tendência de crescimento nos próximos meses. A conclusão é d

Sócio da PwC Brasil, Leonardo Dell’Oso explica que 2024 começa com uma ligeira queda no número de operações se comparado ao final de 2023, mas que deve se recuperar ao longo do ano. Leonardo comenta que na comparação com janeiro de 2023, nota-se uma estabilidade no volume de transações, o que pode indicar que o mercado de M&A tende a retomar a rota de crescimento em 2024.

“O ano de 2024 começa com interesse maior do investidor por compra de controle societário em vez de compra da participação minoritária, com 54% das operações do período (contra 47% no mesmo período do ano passado). Este comportamento pode demonstrar uma visão de mais longo prazo dos investidores”, explica Leonardo Dell’Oso.

Os números de operações por tipo de comprador (estratégico ou financeiro) também poderiam indicar uma certa estabilidade se comparados ao mesmo período do ano passado. Mas, quando é avaliada a média das operações de 2023 em relação a janeiro de 2024, notamos uma tendência de retomada dos investimentos pelos fundos de private equity e bancos de investimentos (investidores financeiros), cujo volume de transações cresceu 19%. Esta mesma tendência pode ser confirmada se avaliados os últimos 12 meses findos em janeiro de 2024 contra o mesmo período de 2023, quando é registrado um crescimento de 10%.

Na comparação por setor, o setor de tecnologia continua sendo o de maior destaque. Quando comparados os últimos 12 meses findos em janeiro de 2024, o setor registrou teve um decréscimo importante no número de operações, mas no comparativo de janeiro de 2023 com janeiro de 2024, mostra recuperação, representando 50% das transações no período.

O setor de consumo, que veio bem em 2023, também trouxe uma queda de 8% no volume de transações nos últimos 12 meses findos em janeiro de 2024, mas um ligeiro aumento em proporção das transações totais no comparativo entre os períodos. O setor de produtos industriais e automotivo, terceiro setor com maior representatividade em volume de transações, apresentou uma queda de 12% no período de 12 meses findos em janeiro de 2024, se comparado ao mesmo período do ano anterior. Na comparação mês contra mês teve uma pequena perda de representatividade sobre o total de transações (-2,4%).

No setor de energia e serviços de utilidade pública, apesar da pequena queda no volume de transações nos últimos 12 meses findos em janeiro de 2024, ganhou um pouco em representatividade no volume total. Esse setor apresentou um crescimento acelerado no volume e na representatividade sobre o total (cresceu 60% na comparação mês contra mês, base janeiro de 2024, representando 9,4% das transações no período).

Apesar do baixo volume de transações em relação ao todo, o setor de Serviços Financeiros apresentou uma forte queda (71%) no comparativo entre janeiro de 2024 e janeiro de 2023 (queda de 16% se considerado o período de 12 meses findos em janeiro de 2024 contra o mesmo período do ano anterior).

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