G20 discute reforma da governança global à margem da ONU

Ministros do G20 se unem para discutir temas que não avançam na ONU, que está cada vez mais esvaziada

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Sessão de Abertura da Reunião Ministerial do G20 à margem da Assembleia Geral da ONU
Sessão de Abertura da Reunião Ministerial do G20 (foto de Ricardo Stuckert, PR)

Ministros das Relações Exteriores do Grupo dos 20 (G20) se reuniram na sede da ONU pela primeira vez, nesta quarta-feira, à margem do Debate Geral da 79ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, com foco no tema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”.

A reunião, presidida pelo Brasil e aberta a todos os Estados-membros da ONU, priorizou debates sobre a reforma da governança global e discutiu medidas globais para combater a fome e a pobreza, promover o desenvolvimento sustentável e uma transição energética justa, além de outras questões.

Philemon Yang, presidente da Assembleia Geral da ONU, disse que o G20 continua sendo uma plataforma crítica para enfrentar os desafios econômicos globais, promover a cooperação internacional e impulsionar o desenvolvimento sustentável.

A reunião dos ministros das Relações Exteriores do G20 ocorreu “em um momento crítico”, quando o “mundo está se unindo em torno da necessidade urgente de revitalizar a arquitetura multilateral, garantindo que ela esteja apta a abordar os problemas desafiadores de hoje”, disse Yang, pedindo ao G20 que tome medidas decisivas para avançar os resultados da Cúpula do Futuro, particularmente na reforma da arquitetura financeira internacional para torná-la mais equitativa e eficaz para todas as nações.

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“Os países do G20, representando aproximadamente 60% da população global e contribuindo com cerca de 85% do PIB mundial, têm a responsabilidade de liderar a tarefa de concretizar as metas ambiciosas estabelecidas no Pacto para o Futuro”, disse Yang.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva – o Brasil detém a presidência do G20 em 2024 – disse que o G20 não pode fugir de suas responsabilidades diante das graves crises geradas pelas mudanças climáticas e exigiu ações efetivas do grupo na luta contra a fome e na reforma da gestão das principais instituições multilaterais.

Lula destacou as prioridades da presidência do G20 do Brasil – inclusão social com foco no combate à fome e à desigualdade; mudanças climáticas, que exigem responsabilização efetiva não apenas das nações, mas também de outros setores; e uma reforma no sistema de governança global, que é capaz de reposicionar as Nações Unidas no centro das decisões internacionais.

Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, que assumirá a presidência do G20 em dezembro, disse que as Nações Unidas devem permanecer como uma peça central do multilateralismo e “devem ser modernizadas para torná-las adequadas ao propósito e mais eficazes, mais ágeis e mais voltadas para o futuro”.

“Ela precisa representar as relações geopolíticas atuais e as realidades internacionais predominantes”, disse ele, acrescentando que a África do Sul está comprometida com a revitalização do sistema multilateral e a reforma das instituições de governança global para torná-las mais representativas.

No discurso de abertura da reunião, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu que as instituições globais trabalhassem juntas, “não em trilhas paralelas ou conflitantes”, para enfrentar os muitos desafios que o mundo enfrenta hoje – desigualdade, financiamento para o desenvolvimento, crise climática, impacto de novas tecnologias.

“Em todas essas áreas, o progresso está escapando ao alcance à medida que nosso mundo se torna mais insustentável, desigual e imprevisível”, disse o chefe da ONU, alertando que os conflitos estão se alastrando, a crise climática está se acelerando, as desigualdades estão crescendo e as novas tecnologias têm um potencial sem precedentes para o bem – e para o mal.

Guterres enfatizou que os membros do G20 podem atuar em três áreas específicas: finanças; clima; e instituições e ferramentas globais fortes, inclusivas e legítimas para enfrentar os desafios de hoje e de amanhã.

Ele observou que a comunidade internacional precisa reformar a arquitetura financeira internacional para torná-la totalmente representativa da economia global de hoje, para que possa fornecer forte apoio para implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A reunião, com a participação de outros países-membros da ONU que não integram o G20, adotou o Chamado de Ação sobre Governança Global com foco na reforma das Nações Unidas, reforma da arquitetura financeira internacional e reforma do sistema de comércio multilateral.

Com Agência Xinhua

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