No Senado, Galípolo defende juros no Brasil ‘devido ao dinamismo da economia’

Para presidente do BC, 'normalizar política monetária demanda reformas contínuas'

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Gabriel Galípolo (Foto: Lula Marques/ABr)
Gabriel Galípolo (Foto: Lula Marques/ABr)

Ao prestar contas em sua primeira audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) após ser aprovado pelo Senado, em outubro de 2024, para assumir a presidência do Banco Central no quadriênio 2025-2028, Gabriel Galípolo afirmou que a normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas. O presidente do BC foi questionado nesta terça-feira pelos senadores sobre o quinto reajuste consecutivo da taxa Selic, que chegou a 14,25%; aumento da inflação e da dívida pública e os impactos do cenário internacional, principalmente diante da atual guerra tarifária impulsionada pelos EUA.

Galípolo destacou o “crescimento excepcional” do Brasil, mas chamou a atenção para a inflação. Para o gestor, o cenário internacional, ainda imprevisível, tem sido o vetor principal na determinação da dinâmica dos preços de mercado. O presidente do Banco Central defendeu que é papel da autarquia atuar em uma ação de “contrapé” (como o aumento da taxa básica de juros), como o “chato da festa”, para que não se perca o controle da estabilidade monetária.

“Quando a economia está aquecida, gerando pressões inflacionárias, você deveria freá-la, para que não se perdesse o controle da estabilidade monetária”, disse.

Ele também salientou que “todos no Banco Central estão bastante incomodados por estarmos fora da meta”.

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“Porém, estamos falando de um patamar de inflação muito inferior ao que estávamos discutindo antes e mais próximo com as economias avançadas e com as emergentes.”

Presidente da CAE, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) enfatizou que o país enfrenta incertezas no cenário internacional, que ainda não permitem ver com clareza qual será a trajetória das commodities. Ele destacou o “remédio amargo” do aumento da taxa de juros para contenção da inflação.

“A supersafra vai ajudar, mas os preços dos alimentos não devem regredir com velocidade; assim, temos uma situação peculiar. Vamos muito bem segundo diversos indicadores macroeconômicos, a começar pelo crescimento do Produto Interno Bruto, aumento da renda média das famílias e baixa taxa de desemprego. No entanto, paira o fantasma inflacionário”, pontuou Renan.

Segundo o presidente do Banco Central, a última elevação da Selic, de 13,25% para 14,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) também foi impactada pela imposição de tarifas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ele considera que está em andamento a avaliação de uma possível desaceleração internacional.

“Estamos falando de um cenário de aversão a risco onde aquilo que é conhecido como o ativo de última instância, o ativo mais seguro da economia, está sendo um pouco questionado. É perceptível, entre os agentes econômicos, uma dúvida sobre para onde se deve procurar proteção no momento de aversão a risco. Esse é o cenário em que a gente está entrando, e por isso que a gente está vendo alguns cenários de arbitragem entre moedas de alguns países, ou o próprio preço do ouro, como o ouro tem se valorizado e batido recordes, a gente tem assistido. Então, esse é um cenário de preocupação”, disse.

Galípolo destacou que as commodities são impactadas pelos preços internacionais e que de 60 a 70% da produção agrícola tem “alguma correlação elevada com a taxa de câmbio”. Disse ainda que depreciação cambial de 10% aumenta a inflação de alimentos em 1,4 ponto percentual.

Mas para o presidente do Banco Central a diversificação da pauta comercial brasileira, somada a um mercado doméstico relevante, coloca o país como um local de proteção.

“Na comparação com seus pares, o Brasil pode se destacar justamente por essa diversidade.”

O presidente do Banco Central explicou ainda que estão “tateando” agora um ajuste, para verificar se o ciclo de alta dos juros que tem sido adotado está em um patamar restritivo o suficiente.

Galípolo defendeu que a normalização da política monetária vai demandar uma série de reformas contínuas, entre elas a ampliação do acesso da população ao um crédito de menor custo. Ele lembrou que o crédito rotativo não deveria ser utilizado de maneira frequente, mas apenas de forma emergencial, daí a importância de se pensar em instrumentos em que se possa oferecer mais garantias.

“Ou seja, que você possa migrar do crédito que tem alto custo para o crédito de baixo custo, de uma maneira estrutural, ou seja, porque se está oferecendo garantias, está aumentando o que a gente chama de colateralização, na minha posição, na minha visão, do ponto de vista estrutural, ele é bem-vindo por isto, porque eu consigo sair daquele crédito que está sendo utilizado de maneira equivocada”, disse.

Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu o crescimento econômico e ponderou que, em ataque especulativo no final de 2024, os agentes de mercado apostaram contra a moeda e que, por isso, o Banco Central agiu para reverter essa situação.

Com informações da Agência Senado

Matéria atualizada às 18h28 para retirar algumas informações que estão em outro post no site

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