De acordo com o Índice de Preços Ticket Log (IPTL), a gasolina nos primeiros dias de janeiro é comercializada ao preço médio de R$ 4,786 nos postos brasileiros. O valor é 1,92% mais caro que a média por litro no fechamento de dezembro e está acima do registrado em todo o ano passado. No feriado de Ano Novo, dois dos primeiros dias de 2021 registraram preços acima da média do mês até agora, de R$ 4,787.
Na comparação com a primeira quinzena de dezembro, a gasolina teve um aumento de 2,18% em um mês. Desde maio, quando o combustível teve o seu menor preço em 2020, o acréscimo é de 19,5% na média nacional.
Mesmo com o avanço do preço, a gasolina segue compensando mais que o etanol na relação 70/30 em 20 estados. Nas regiões Nordeste e Sul, o combustível é unânime na comparação.
“O litro da gasolina é 6% mais barato na Região Sul do que na Região Nordeste. Ainda assim, todos os estados em ambas as regiões têm o combustível com vantagem em relação ao etanol. O IPTL deste mês, no entanto, nos mostra que a gasolina teve aumento em todos os estados”, pontua Douglas Pina, Head de Mercado Urbano da Edenred Brasil.
Tanto a gasolina mais cara como a mais barata foram registradas na Região Norte em janeiro. No Amapá, onde tem o menor preço, o combustível é comercializado à média de R$ 4,243. No Acre, estado mais caro, a média é de R$ 5,207. Apenas o Rio de Janeiro também registra valores acima de R$ 5. No estado, o litro está cotado a R$ 5,093. O maior aumento foi registrado no Amazonas, onde o preço da gasolina cresceu 4,43% em relação a dezembro e é comercializado a R$ 4,530.
Na comparação com as outras regiões, o Nordeste tem a gasolina mais cara, com média de R$ 4,846, um aumento de 1,79% em relação a dezembro. Na Região Sul, que tem o menor preço, o aumento foi de 2,08%, e a média de preço está em R$ 4,574.
A Petrobras reajustou o preço médio do litro da gasolina vendida nas refinarias em R$ 0,15. O novo valor será de R$ 1,98 para as revendedoras e entrará em vigência a partir de hoje. O preço final aos motoristas dependerá de cada posto de combustíveis, que tem suas próprias margens de lucro, além do pagamento de impostos e custos com mão de obra.
De acordo com Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP, o reajuste ocorreu depois que o mercado privado pressionou a Petrobras a subir ainda mais o preço para viabilizar a privatização do Brasil. Na última semana, a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) recorreu ao órgão de defesa da concorrência contra a Petrobras. A entidade protocolou ofício na sexta-feira no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e na Agência Nacional do Petróleo (ANP) contra a estatal. O motivo da representação é que os importadores avaliam que a Petrobras está vendendo diesel e gasolina às refinarias no Brasil com preços abaixo das cotações no mercado internacional, o que afeta a concorrência. No ofício, a Abicom pediu para que sejam feitas análise dos valores praticados pela petroleira.
“Essa é uma amostra do que acontecerá com o país caso a privatização avance: sem compromisso com a responsabilidade social, apenas com o lucro. Ou seja, com a privatização a tendência é que o preço dos derivados aumente ainda mais. O projeto de petróleo que o país está seguindo é o de submissão ao mercado internacional, sem o mínimo debate sobre os interesses externos”, afirmou Bacelar.
Segundo avaliação do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), os aumentos estão refletindo a alta do preço do barril de petróleo. Porém, é fato que a Petrobras tem adotado periodicidades diferentes para ajustar gasolina, gás e diesel. Os ajustes do diesel estão mais lentos que os da gasolina, o que pode sinalizar preocupação da Petrobras com os caminhoneiros, que ameaçam greve nacional.
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