O Comitê de Política Monetária (Copom), instância do Banco Central (BC) que decide sobre a taxa de juros Selic, iniciou nesta terça-feira a reunião que deve atender aos anseios do mercado financeiro e elevar os juros uma vez mais. A decisão será divulgada nesta quarta-feira. As instituições financeiras estão divididas: a maioria aposta em aumento de 0,75 ponto percentual (pp), mas alguns pesos-pesados – como o banco Itaú – cravam suas fichas em alta de 1pp. Em qualquer dos casos, o efeito, além de inibir os investimentos na economia, será o de elevar os gastos do Governo Federal. A cada elevação de 1pp, a dívida líquida aumenta R$ 55,2 bilhões. No caso de o aumento ficar em 0,75pp, o custo da dívida crescerá R$ 41,4 bilhões.
Mesmo no segundo caso, é mais do que o mercado exige em cortes nos gastos não financeiros da União, alinhavado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e que prevê uma redução nas despesas com salário mínimo, saúde, educação e outras em cerca de R$ 40 bilhões.
No atual ciclo de elevação da taxa de juros, iniciado em setembro de 2024, o BC levou a Selic para 11,25%, uma alta de 0,75 ponto percentual. Ou seja, com nova alta de 0,75pp nesta quarta-feira, a gastança desde setembro somará R$ 82,8 bilhões; se o aumento for de 1pp, a conta a ser paga pela sociedade crescerá para R$ 96,6 bilhões. Este número é apenas R$ 13,2 bilhões menor do que o governo espera conseguir com a redução no aumento real do salário mínimo (R$ 109,8 bilhões) até 2030, ou seja, em cinco anos.
Além de forçar por uma alta de ao menos 0,75pp nesta quarta-feira, o mercado financeiro prevê um novo aumento, desta vez de 1pp, no início de 2025. Alguns acreditam que uma elevação maior dos juros, de 1pp, ainda em 2024 geraria uma “gordura” para a nova direção do Banco Central, sob Gabriel Galípolo, a partir de janeiro.
Com juros reais caminhando para 8% ao ano, quem tem recursos para investir não pode se queixar. Mesmo sem precisar de grandes riscos, pode obter altos rendimentos em CDBs e títulos públicos indexados à Selic. Títulos indexados à inflação também ganham destaque nesse momento.
Quanto aos títulos privados, dívida emitida por empresas não financeiras, o retorno é ainda mais avantajado, podendo superar os 16% ao ano – ou mais de 11% reais. Mas analista alertam: é importante alinhar rentabilidade com segurança, considerando o risco de que algumas empresas privadas não resistam ao cenário adverso.