Os cerca de US$ 33 milhões em contrabando e descaminho apreendidos, ano passado, pela Receita Federal , em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina) foi a maior apreensão efetivada pelo fisco brasileiro nos últimos nove anos e 105% superior à efetuada em 2003. Todavia, esse importante tento representa um grão de areia, 0,1% para ser mais exato, em relação aos US$ 30 bilhões evadidos pelas CC5 do mesmo município. No primeiro caso, o Leão rugiu. No segundo, a dobradinha PT/PSDB da CPI do Banestado miou.
Flagelo ignorado
Apesar de o assunto, estranha ou sintomaticamente – dependendo do olhar de cada um – ter sido varrido do noticiário, 2005 começa tendo diante de si o maior desafio mundial não-resolvido em 2004: o desemprego. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), existe no mundo 1 bilhão de trabalhadores desempregados ou subempregados. A informação, divulgada pelo diretor-geral da OIT, Juan Somavia, em palestra, no Congresso Mundial de Recursos Humanos, no Rio, em agosto passado, continua dolorosamente atual. De acordo com Somavia, até aquela data, apenas o número de desempregados soma 186 milhões no mundo. Pelo visto, insuficiente para impedir que a imprensa chapa branca continue a pintar uma realidade cor-de-rosa.
Causa própria
Independentemente do mérito, a mudança da fórmula de cálculo do imposto cobrado das empresas prestadoras de serviços abriu uma nova frente de batalha para o governo, num terreno que lhe é particularmente simpático: o dos colunistas de jornalões. Com a maioria embolsando salários que transformam em esmolas os que taxam de “privilégios inaceitáveis” quando pagos ao setor público, os colunistas assumiram a linha de frente para derrubar a medida. Claro, que existirá sempre os habituais tipos desagradáveis para perguntar se é ético usar espaços privilegiados na imprensa para defender seus próprios interesses. Mas estes ignoram o verdadeiro valor da liberdade de imprensa, como esclareceram os ataques furibundos dos primeiros personagens à simples discussão sobre o Conselho Federal de Jornalismo.
Engessada
A reforma do Judiciário preocupa a Associação Nacional em Defesa dos Mutuários. O presidente da entidade, André Paiva, alerta que a súmula vinculante poderá vetar vários direitos do cidadão brasileiro: “Este procedimento poderá vetar ao mutuário o direito de revisão contratual, acarretando em pagamentos de juros abusivos, taxas indevidas e o sistema de amortização cujo mutuário poderá acabar pagando quatro vezes mais o valor do financiamento, entre outras desvantagens.”
Filão
Os principais grupos editoriais já estão criando seções específicas para concursos públicos nas livrarias do país e investindo em títulos. A previsão de faturamento para 2005 é de cerca de R$ 5 milhões envolvendo apenas concursos na esfera federal. Essa mina de ouro agilizou a 2ª Feira do Concurso Público (www.feiradoconcurso.com.br), que será realizada de 1 a 3 de abril.
Nacional
Alertada pelo secretário estadual de Energia e Indústria Naval do Rio, Wagner Victer, e por esta coluna, o grupo de Cingapura Keppel Offshore acertou o nome do seu estaleiro no Brasil: Fels Brasil S/A, com “s” e não com “z”, como chegou a ser grafado inicialmente.
Fim de linha
O companheiro Falha Humana, espécie de derivação do Raio de Bauru, avisa: assumir a responsabilidade por dois apagões em apenas uma semana do novo ano é carga muito pesada mesmo para a credulidade da Velhinha de Taubaté. E aconselha um estudo comparativo entre a política de corte de gastos públicos e os efeitos no sistema de energia do país de um crescimento acima dos níveis medíocres em que o país se arrasta há cerca de 15 anos.
Solidariedade
A Embaré, fabricante de caramelos de leite e de leite em pó, enviou duas toneladas de leite em pó para a região asiática atingida pelas tsunamis. Segundo informações da embaixada do Sri Lanka no Brasil, a doação será dividida entre todos países afetados pela tragédia.