Os militares de Israel estão matando palestinos em Gaza a uma taxa média de 250 pessoas por dia, o que excede por larga margem o número diário de mortes de qualquer outro grande conflito dos últimos anos, disse a ONG britânica Oxfam. As hostilidades se aproximam do seu 100º dia.
O número de palestinos mortos nos ataques israelenses em curso na Faixa de Gaza aumentou para 23.708, disse o Ministério da Saúde com sede em Gaza nesta sexta-feira.
Desde a eclosão do atual conflito Israel–Hamas, em 7 de outubro, 60.005 palestinos ficaram feridos como resultado de ataques israelenses, sendo que um grande número de vítimas ainda está sob os escombros e que as equipes de ambulâncias e de defesa civil não conseguem alcançá-las.
Além disso, mais de 1.200 pessoas foram mortas nos ataques feitos pelo Hamas e outros grupos armados em Israel, em 7 de outubro, e 330 palestinos foram mortos na Cisjordânia desde então. Assim, o número total de mortos – passa de 25 mil, sendo 94% palestinos.
Sally Abi Khalil, diretora da Oxfam para o Médio Oriente, disse: “É inimaginável que a comunidade internacional esteja assistindo ao desenrolar do ritmo de conflito mais mortal do século 21, ao mesmo tempo que bloqueia continuamente os apelos a um cessar-fogo.”
Utilizando dados publicamente disponíveis, a Oxfam calculou que o número médio de mortes por dia em Gaza é significativamente superior ao de qualquer grande conflito armado recente, incluindo Síria (96,5 mortes por dia), Sudão (51,6), Iraque (50,8), Ucrânia (43,9) Afeganistão ( 23,8) e Iêmen (15,8).
A ONG alerta que as pessoas estão sendo cada vez mais forçadas a se deslocar para áreas menores devido aos constantes bombardeios, pois são forçadas a fugir de locais que lhes foram previamente informados que são seguros, mas que nenhum lugar em Gaza é verdadeiramente seguro.
O Tribunal Internacional de Justiça (TIJ, ou Corte Internacional de Justiça, CIJ) das Nações Unidas realiza audiência sobre a legalidade do ataque prolongado de Israel a Gaza e pode emitir uma ordem de emergência para a suspensão da campanha militar de Israel.
O caso foi levado ao TIJ pela África do Sul, que acusa Israel de atos de genocídio contra o povo palestino. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou o apoio do Brasil à denúncia apresentada pela África do Sul contra Israel em 29 de dezembro de 2023.
Mais de 1 milhão de pessoas – mais de metade da população – foram forçadas a procurar abrigo em Rafah, na fronteira egípcia. A equipe da Oxfam em Rafah relata superlotação, com muito pouca comida e água, e os medicamentos essenciais acabaram.
Israel chegou a um acordo com o Qatar para permitir a entrega de medicamentos prescritos vitais aos reféns israelenses em Gaza, disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um comunicado nesta sexta-feira.
As negociações incluíram o aumento da quantidade de medicamentos que Israel permite entrar em Gaza. No entanto, a declaração não mencionou se foram alcançados progressos nesta questão.
“Esta crise é ainda agravada pelas restrições de Israel à entrada de ajuda, ao fechamento de fronteiras, à imposição de um cerco e à negação de acesso irrestrito. Atualmente, apenas 10% da ajuda alimentar semanal necessária está chegando”, acusa a Oxfam.