Geada de julho evidencia risco de choque em preço de alimento

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Geada (Foto: Defesa Civil de Santa Catarina/Divulgação)
Geada (Foto: Defesa Civil de Santa Catarina/Divulgação)

Levantamento realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), por meio da rede de sindicatos rurais filiados, sobre as perdas provocadas pelas geadas ocorridas em 19 e 20 de julho, evidencia o risco de choques nos preços de alguns alimentos. Houve danos em várias cadeias produtivas, especialmente na cafeicultura, cana-de-açúcar e milho. Prejuízos foram reportados também nas pastagens e plantações de citros, grãos, frutas e hortaliças.

Sobre o café, estima-se que entre 10% e 20% da área nas principais regiões produtoras do estado tenha sido atingida. Os danos foram mais intensos nas lavouras novas, em áreas de plantios nas baixadas. Porém, as plantações mais maduras não passaram ilesas, o que deverá resultar em menor rendimento e qualidade na próxima safra, com o aumento de grãos pretos e verdes.

Na região de Ourinhos, a safra atual de cana-de-açúcar pode estar comprometida em até 15%. Áreas com renovação e brotação nova foram bastante prejudicadas. Nas plantações ainda não colhidas, a seca já havia provocado queda de produtividade nas lavouras. Com a geada, o teor de Açúcares Redutores Totais (ATR) tende a ser ainda mais afetado. Em Altinópolis, regional de Ribeirão Preto, a geada atingiu cerca de 30% da área plantada com cana no município.

O milho safrinha teve perdas significativas nas regiões do Médio Paranapanema e Sudoeste Paulista. Nas plantações em fase de enchimento de grãos, estima-se uma quebra de produtividade em torno de 70%. Nas lavouras em estágio mais avançado (grão pastoso ou farináceo), a redução no potencial produtivo pode alcançar entre 20% e 30%.

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As áreas de pastagens, em muitas localidades, foram queimadas em sua totalidade. Com a seca, a produtividade de massa já havia caído significativamente, tendo sido potencializada com a geada. Isso implicará a necessidade de suplementação dos animais, aumento de custos devido à aquisição de rações e suplementos, com potencial reflexo na produção de carne e leite. Produtores de leite em sistemas semi-intensivos, em Cerqueira César, na microrregião de Avaré, relataram quebra de 30% a 50% na produção em um período de três dias.

E quando o assunto são hortaliças, foram atingidos 15% das áreas em produção, de aproximadamente 9.300 hectares do Alto Tietê Paulista. Isso abrange um universo de dois mil produtores prejudicados. Houve redução da quantidade e perdas na qualidade dos produtos. Os prejuízos foram apontados também em regiões do Médio Paranapanema e Noroeste Paulista, com perdas estimadas acima de 50%.

A tendência de frio intenso em diversas regiões do país manteve a previsão de geadas em alguns estados na madrugada da última sexta-feira. A condição para geadas amplas é prevista para grande parte do centro-sul do país, e para geada intensa na Região Sul, sul de Mato Grosso do Sul, áreas de São Paulo e sul de Minas Gerais.

No sábado, ainda ocorreu geada na divisa entre São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – região de Itatiaia, além de toda a Região Sul e sudeste de São Paulo.

As informações são do Sistema Nacional de Meteorologia, que reúne dados do Instituto nacional de Meteorologia (Inmet), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).

Equipes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estiveram em campo nos estados mais atingidos pela geada da semana passada, em propriedades rurais onde há uma provável mudança nas expectativas de produção das culturas de café, cana-de-açúcar e grãos, em especial o milho e o trigo. Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estão se reunindo com lideranças de cooperativas e bancos para levantar as demandas dos produtores atingidos.

O café foi a cultura mais afetada pela geada das últimas semanas, sobretudo em Minas Gerais, maior estado produtor. Atual safra de café (2021) já foi colhida e será suficiente para atender a demanda de consumo interno e os contratos no mercado externo.

Em relação ao milho, também não há cenário de falta de produto. A atual safra sofreu com a seca, pelo plantio tardio, e lembra que o governo já suspendeu a alíquota do imposto de importação aplicado às importações de milho até dezembro.

A Conab passou a divulgar em seu site um trabalho extra de acompanhamento e análise específica dos impactos climáticos nas localidades atingidas pelo frio extremo. A Companhia também monitora os impactos da geada na produtoras de hortaliças e frutas. Os resultados estão no Relatório de Monitoramento Semanal da Comercialização dos principais produtos nas Centrais de Abastecimento, divulgado semanalmente.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) desenvolveu a Plataforma de Monitoramento de possíveis Geadas no Brasil, que apresenta um mapa de possíveis ocorrências de geadas baseado nos dados registrados pelas Estações Meteorológicas Automática.

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