Gerdau não tem preocupação com operações nos EUA e Canadá

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Após o republicano Donald Trump ser eleito presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, a Gerdau afirmou que não tem preocupações com as suas operações nos Estados Unidos, no Canadá e no México. O diretor-presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter, disse também não ver mudanças no Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, na sigla em inglês), acordo comercial que inclui os três países.
“Não prevemos uma mudança no Nafta, pode ter a revisão de alguma cláusula, mas não vemos cenário de mudança de impacto”, disse, em teleconferência com a imprensa sobre os resultados da companhia no terceiro trimestre de 2016. Atualmente, entre 25% e 35% da receita da Gerdau vem de operações nos Estados Unidos.
Questionando sobre o impacto da desvalorização do peso mexicano nas operações, Gerdau afirmou que, com isso, o México está ficando mais competitivo na cadeia global, o que pode ser positivo para as unidades da companhia no país. Além de afirmar que não acredita em alterações no fluxo comercial do país com os Estados Unidos, seja nas vendas de aço ou nas de outros produtos.
Ainda sobre um possível aumento do protecionismo nos Estados Unidos devido ao novo presidente, Gerdau acredita que não haverá influência relevante já que o país possui instituições fortes e Trump não tem poder para intervir em algumas questões. A importação no país, especialmente de vergalhões, é uma fonte de preocupação para a siderúrgica e o Departamento de Comércio já avalia ações de defesa comercial contra alguns países que vendem ao produto para os Estados Unidos.
No geral, Gerdau afirmou esperar que Trump possa fazer um bom governo, com investimentos em infraestrutura, o que elevaria a demanda por aço. “É tudo muito recente, mas nossa expectativa é que Trump faça bom governo, que gere crescimento e empregos. Os dois candidatos tinham forte ênfase em investimento em infraestrutura em seus programas e esperamos que ele faça isso, o que afeta muito o setor de aço”, afirmou.

Preço do carvão

A Gerdau não está sentindo grande reflexo do aumento dos preços do carvão no cenário internacional. De acordo com o vice-presidente executivo de finanças da companhia, Harley Lorentz Scardoelli, o grupo usa apenas 25% de carvão metalúrgico nos seus altos-fornos, sendo o restante sucata, o que mitiga um impacto da alta do insumo.
O diretor afirmou, no entanto, que estão acompanhando o cenário de alta de preços de insumos, principalmente do carvão e do minério de ferro. “Nosso foco continua sendo o suprimento das operações da usina de Ouro Branco e analisamos negócio a negócio, tanto no mercado interno quanto no externo”, disse.
Já sobre a demanda por aço nos mercados, o presidente da companhia disse que antevê ainda um “cenário desafiador”, com uma recuperação lenta e menores exportações nos próximos meses. Porém, acredita que haverá uma redução de estoques da companhia, que haviam crescido no último trimestre e levaram ainda a um aumento do capital de giro.
Gerdau destacou que a companhia vem mantendo esforços em reduzir gastos e investimentos para enfrentar este cenário, além de continuar reavaliando os seus ativos para possíveis vendas ou join venture. Segundo o executivo, há “iniciativas em andamento” sobre os ativos da empresa, mas nada para ser anunciado no momento.
“Vamos continuar com várias iniciativas, como revisão da rentabilidade de nossos ativos, redução de custo e despesas, restrição de Capex e continuação do projeto de inovação digital, que já mostra impacto nos custo nas nossas atividades”, afirmou. A Gerdau tem previsão de desembolsar R$ 1,5 bilhão em investimentos este ano, 35% a menos do que investiu em 2015. Já para 2017, prevê investir R$ 1,4 bilhão, com foco em manutenção e produtividade.
Lucro

O grupo siderúrgico Gerdau divulgou nesta quarta-feira queda de 50,8% no lucro líquido ajustado do terceiro trimestre, a R$ 95 milhões, afetado por recuo de vendas e preços menores.
A maior produtora de aços longos das Américas apurou geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 1,2 bilhão de reais, 7% abaixo do obtido no mesmo período do ano passado.
A receita líquida recuou 27,1% no período, a R$ 8,669 bilhões, mas os custos das vendas tiveram queda de 28,6%, a R$ 7,652 bilhões.
A Gerdau produziu 3,894 milhões de toneladas de aço bruto de julho a setembro, volume 7,3% menor que o produzido no terceiro trimestre de 2015 e 9,5% abaixo do registrado no segundo trimestre deste ano. A performance foi atingida em parte por redução de vendas na América do Norte, unidade que gera cerca de um terço do Ebitda da Gerdau.
As vendas de aço na região que abrange Canadá, Estados Unidos e México e não inclui operações com aços especiais, caíram 17,5% em volume, a 1,37 milhão de toneladas, impactadas por “forte competição dos importados na região e menor atividade industrial, além do momento de cautela quanto a definição do cenário político”.
Com isso, a receita líquida da Gerdau na América do Norte caiu 28,2% em reais, a US$ 3,47 bilhões e o Ebitda teve queda de 47,2%.
No Brasil, a companhia seguiu sofrendo com cenário recessivo, com recuo de 23,5% nas vendas de aço, a 1,48 milhão de toneladas. As exportações recuaram quase 32% diante de um câmbio menos favorável e as vendas no mercado interno tiveram queda de 17,7%. A receita líquida da empresa no Brasil caiu 20,2% no terceiro trimestre, a R$ 2,97 bilhões, mas o Ebitda avançou 24,5%, apoiado em um corte de 25,3% nos custos com vendas.

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