Golpe baixo

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Para desgosto de Michel Temer, a tese de golpe no impeachment de Dilma Rousseff ganhou espaço em outro importante jornal europeu. Após o francês Le Monde ter denunciado – antes da votação – o que ocorria no Brasil, nesta quinta foi a vez do El País, a mais influente publicação espanhola, bater fundo no processo de impedimento. O editorial tem um título forte – “Golpe baixo no Brasil” – seguido do subtítulo “A destituição de Rousseff supõe um dano imenso às instituições brasileiras”.

Para o jornal espanhol – que faz franca oposição a Maduro na Venezuela – os partidos responsáveis pelo impeachment utilizaram de forma abusiva um procedimento de destituição previsto na Constituição para casos extremamente graves e o ajustaram “a jogos políticos de curto prazo sem se importar com o dano causado à legitimidade democrática”. E explica: “Em uma república presidencialista, a destituição do chefe de Estado é algo de extrema importância, uma exceção ao sistema, que permite ao Parlamento revogar a vontade popular e destituir quem foi conduzido diretamente pelas urnas à instituição máxima do Estado. Portanto, só pode ser utilizado em casos excepcionais e de forma muito controlada, sob pena de criar uma grave crise política e institucional.”

Assinala El País: este não é caso de Dilma Rousseff. “Ao ser impossível encontrar qualquer prova do envolvimento no escândalo da Lava Jato, uma rede de corrupção generalizada em que estão envolvidos destacados membros de partidos que ontem (quarta-feira) votaram contra ela, os congressistas recorreram a um pretexto, o desvio no orçamento, que, ainda que previsto na Constituição, carece de suficiente peso político para justificar a destituição de Rousseff e o trauma e a divisão a que se leva o país.”

E conclui a publicação espanhola: “Estamos diante de uma fraude à lei que lança uma grave sombra sobre o futuro imediato do Brasil, mais necessitado de unidade ante a crise econômica e política do que de divisões irreconciliáveis.”

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Menos contundentes, o britânico The Guardian bate também na tecla da necessidade de união para superar a crise e questiona se Michel Temer está apto a fazer isto.

Tudo como dantes

Apesar de o Rio de Janeiro estar mergulhado na – provavelmente – mais profunda crise econômica e financeira de sua história, o governo estadual nada fez de efetivo, se é que algo fez, para analisar os contratos e obras para eliminar sobrepreços e reaver valores pagos indevidamente. Mesmo em casos em que a suspeita transborda, como nas eternas obras do Maracanã, já citadas na Operação Lava Jato, não se ouve uma palavra ou se vê ação do governador interino, Francisco Dornelles.

Assim, é fácil ficar ao lado dos funcionários, punidos com sucessivos atrasos nos vencimentos que não podem ser imputados simplesmente à deterioração dos preços do petróleo e à queda da arrecadação. Não à toa, a justiça determinou o arresto de dinheiro das contas do governo caso não pague os servidores até o terceiro dia útil.

Tirar os sapatos

O governo já não mais interino estuda prorrogar a isenção unilateral de vistos para visitantes dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão. A medida, que entrou em vigor em 1º de junho, tinha o objetivo de facilitar a entrada de turistas durante a Rio 2016 e se encerraria em 18 de setembro, após as Paralimpíadas. Mas o complexo de vira-lata da turma que está no poder é infinito. Estes países exigem visto dos brasileiros, e por isso a reciprocidade. Achar que a isenção aumentaria o turismo estrangeiro é balela. O que há é extrema vocação para ser capacho.

Drama grego

A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, alertou para a continuidade dos problemas na Grécia. Apesar de – ou por causa de – o país ter cedido à chantagem da troica (além do Fundo, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia), aceitando implementar reformas estruturais para atingir em 2018 um superávit primário (sem contabilizar o pagamento de juros) de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), a situação não melhorou. O FMI insiste na necessidade de um alívio na dívida grega.

Rápidas

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