Google causa terremoto nas pretensões privadas

Alerta de terremoto enviado pelo Google a celulares expõe risco de se privatizar funções do Estado, como Musk faz nos EUA

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Alerta de terremoto do Google
Alerta de terremoto do Google (imagem reprodução)

Na madrugada de sexta-feira passada (14), moradores de São Paulo e Rio de Janeiro receberam em seus celulares um alerta de terremoto, de magnitude entre 4,2 e 5,5, a 55 km de Ubatuba (SP). O aviso foi enviado para alguns aparelhos que utilizam sistema operacional Android, do Google. O erro, além do alarme que causou, serve como alerta para as consequências de tentar privatizar funções do Estado. Atentos devem ficar também os cidadãos dos EUA, onde Elon Musk busca levar uma suposta eficiência privada a serviços estatais que, em última análise, parece mirar na privatização da própria Presidência da República.

O episódio do terremoto do Google no Brasil levanta muitas questões, entre elas:

  1. A intromissão na vida das pessoas, que não optaram pelos alertas (a menos que conste naquelas letrinhas miúdas do contrato unilateral que ninguém lê, até porque, se ler e não aceitar, não poderá usar o sistema) e que não têm opção para desativá-los.
  2. O alerta de terremoto do Google se baseia no monitoramento dos acelerômetros, peças que detectam vibrações e velocidade. Assim, o Google recebe informações a partir dos aparelhos dos usuários de Android; imagine o que coleta através das câmeras e dos microfones.
  3. Os danos do duopólio nos sistemas operacionais dos celulares. Google e Apple dividem o domínio, com práticas que, no final, são muito similares. O usuário fica sem ter para onde correr. Se a chinesa Huawei for bem-sucedida com o sistema que está lançando, poderá surgir uma opção.
  4. A insistência do Google, crítica extensiva às demais Big Techs, em acreditar que seus algoritmos (substitua por inteligência artificial, se preferir) são suficientes para determinar o que é verdade, abdicando da supervisão humana. A simples leitura de um livro do Ensino Fundamental bastaria para saber que a região que recebeu o alerta não é afetada por tremores significativos.
  5. A necessidade de uma punição severa pelo susto, danos à imagem do País e consequências que o alerta de terremoto poderá causar. Punição em grana, e alta (se o Google pagará, são outros 500).

Por fim, fica o alerta – este sim real – sobre os danos que podem ser causados pela obediência ideológica à tese de que tudo que é privado é melhor. Ideia vazia que mostra seu pior lado quando tenta abocanhar tarefas típicas de Estado. Se agências reguladoras e outros órgãos podem ter seus defeitos e serem sujeitas a influências políticas e econômicas, muito pior é o cidadão não ter qualquer interferência sobre elas.

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