Gordura

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A Petrobras tem gordura para queimar caso tenha que absorver um aumento no preço do gás natural vendido pela Bolívia, o que mostra ser balela a tese dos colunistas dos “jornalões” que apontam para um prejuízo irreparável aos acionistas minoritários da empresa. Apesar de a estatal brasileira não revelar quanto cobra de seus clientes industriais, pelos preço do gás natural veicular (GNV) dá para se perceber que o máximo que aconteceria seria ter que abrir mão de uma fatia do lucro. Em 2001, o preço do GNV nas distribuidoras era de cerca de R$ 0,50 por m³ (dados da ANP); em 2006, o produto custa R$ 0,89 em média, ou 80% de aumento no período. O ganho é ampliado pelo câmbio: desde a posse de Lula, o dólar está quase 25% mais barato e a variação para baixo não foi repassada para os consumidores.

“Advisers”
Os neodefensores da Petrobras já podem desmobilizar, ainda que temporariamente, as tropas acantonadas em algumas redações e consultorias financeiras para invadir a Bolívia em defesa da empresa. Depois de ignorarem semana passada os alertas contra os danos irreparáveis à estatal que seriam provocados pela nacionalização dos hidrocarbonetos pelo presidente Evo Morales, os investidores voltaram a repetir a dose no primeiro pregão desta semana. Semana passada, enquanto as ações da Repsol fecharam em baixa, depois de supostamente o governo espanhol falar grosso contra a nacionalização, as das Petrobras subiram. Ontem, Petrobras PN – a de maior liquidez – subiu 0,1%, fechando a R$ 47,53. Já as ações da Repsol recuaram 1,51% no Ibex 35, principal índice que reúne as ações mais negociadas nas quatro bolsas espanholas.

Gás extra
A nacionalização dos hidrocarbonetos vai representar substancial reforço para os cofres da Bolívia. Em entrevista ao jornal chileno El Mercurio, semana passada, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, disse que nos anos 90, o país arrecadava US$ 140 milhões ao ano em impostos e royalties do gás; com a lei aprovada ano passado que elevou a taxação para 50%, o ganho com essa receita subiu para US$ 460 milhões: “Hoje, subimos a US$ 780 milhões”, contabilizou Linera.

História sem fim
O conflito entre Bolívia e o grupo EBX, do empresário brasileiro Eike Batista, começou a partir de projetos de instalação de uma siderúrgica e uma termelétrica em local impróprio, na região de Puerto Suárez e Puerto Quijarro, província de Germán Busch. Ironia é saber que quem foi Busch, cujo sobrenome difere pouco da do presidente norte-americano, mas cujas idéias são totalmente opostas às de Bush pai e Bush filho.
O articulista Isaac Bigio, da London School of Economics, comentou, em artigo de 2002, que Germán Busch foi “um pouco lembrado presidente boliviano que supostamente se suicidou há 63 anos”. Herói da guerra do Chaco, assumiu a presidência da Bolívia em julho de 1937, após participar, no ano anterior, de movimento de esquerda que derrubou o governo. Busch nacionalizou a Standard Oil de New Jersey (EUA) e bancos e decretou que todas as divisas geradas pelos donos das grandes minas que dominavam a economia boliviana fossem vendidas ao banco do Estado. Em 23 de agosto de 1939, ele se suicidou, de acordo com as versões oficiais.

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Título
Nesta quinta-feira, às 18h, o engenheiro Ricardo Maranhão, ex-vereador e ex-deputado federal pelo PSB do Rio, recebe o título de Cidadão Honorário do Município do Rio de Janeiro, por iniciativa do vereador Brizola Neto. A justa homenagem ocorrerá no Plenário da Câmara Municipal (Praça Floriano, s/nº, Cinelândia, Centro).

Caneleiro
Escalado pelo banco Goldman Sachs para redigir o capítulo dedicado ao Brasil no estudo A Copa do Mundo e economia, divulgado pela instituição, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga mostrou que seu poder de devastação não se limita à economia. Em quatro anos à frente do BC no segundo governo FH, Fraga, praticando juros de até 45% ao ano, restringiu o crescimento do país a medíocres 2% ao ano, em média. Agora, sendo responsável pela parte brasileira do relatório do Goldman, a seleção dos sonhos escalada pelos consultores do banco consagrou Cafu e Roberto Carlos, os dois veteranos laterais que levam a torcida canarinho à loucura pelo futebol burocrático.

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