Governo Lula e os preços da cesta básica

Cesta básica subiu abaixo da inflação – ou caiu – em mais da metade das capitais; preços realmente impactaram Lula?

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Cesta básica
Cesta básica (Foto: Sesc)

O custo da cesta básica aumentou, em janeiro de 2025, em 13 das 17 capitais onde o Dieese realiza o levantamento. Os números vão de queda de 1,67% (Porto Alegre) a alta de 6,22% (Salvador). Ao olhar para a variação em 12 meses, a disparidade continua: João Pessoa, Natal e Fortaleza registraram aumentos de 2 dígitos, enquanto Porto Alegre e Belo Horizonte tiveram queda de preços. Sete capitais (inclusive Rio de Janeiro e Brasília) tiveram alta na cesta básica, mas em valor inferior à inflação (IPCA-15 mostrou elevação de 4,50%). Os preços do feijão, do arroz e do leite diminuíram em quase todas as cidades pesquisadas. Assim, como explicar a sensação de que a alimentação está muito cara? O presidente Lula bateu nesta tecla durante em entrevista a rádios, nesta quinta-feira (6): “Se comparar a inflação dos últimos dois anos, de 7,6%, com os dois primeiros anos do Bolsonaro, de 27,4%; nos últimos dois anos do Bolsonaro, foi 22%”, desafiou Lula.

Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, no governo Bolsonaro (2019 a 2022) a alta dos preços dos alimentos superou a média geral da inflação em três dos quatro anos e nunca ficou abaixo dos 6%. Em 2022, o indicador chegou a quase 12%.

O aumento real do salário mínimo deixa o quadro atual mais favorável: segundo o Dieese, em janeiro de 2025 era necessário 50,90% do rendimento para adquirir a cesta básica. Em janeiro de 2024, o percentual ficou em 52,33%.

Em janeiro de 2022, no governo Bolsonaro, mais da metade (55,20%) do salário mínimo era necessário para adquirir a cesta básica. Ao final daquele ano, quando Bolsonaro fugiu para os Estados Unidos, o percentual era de espantosos 60,22%, resultado da política de aperto no salário mínimo.

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Nos anos anteriores, inclusive com Temer, os alimentos representavam algo na faixa de 44% do salário mínimo. Era assim em janeiro de 2015, por exemplo, resultado de um processo de aumento do piso salarial acima da inflação.

Os preços estão altos, mas pesam menos do que há alguns anos. O que indica que análises que apontam o custo de vida como responsável pela queda de popularidade do governo carecem de fundamentos essenciais.

O morro e o asfalto

Ao debater no STF a ADPF das Favelas – ação que tenta garantir a presença da lei nas incursões policiais em comunidades do Rio – o ministro Alexandre de Moraes levantou um ponto importante: “A população nessas áreas é escravizada pelas milícias, se discordar ela é morta. É uma escravidão moderna, com uso de armas, ameaças, coação.”

O que escapou ao ministro é que a polícia do Rio não sobe os morros para defender os moradores de lá; as operações acontecem quando os crimes derramam no asfalto, como excesso de tiroteios, fechamento de vias expressas ou alta de roubo de carros. Fora isso, o poder paralelo segue mandando na vida de quem vive nas favelas sem ser importunado.

Rápidas

Para auxiliar a população do Piauí atingida pelas fortes chuvas que caem desde a segunda quinzena de janeiro, o Sicoob, instituição financeira cooperativa, realiza a campanha Doações Emergenciais – SOS Piauí pela chave Pix CNPJ: 07.147.834/0001-73 *** A jornalista Juliana Dal Piva lançará o livro Crime sem Castigo – Como os policiais mataram Rubens Paiva na quarta-feira, 18h30, na Livraria da Travessa de Botafogo (R. Voluntários da Pátria, 97) *** A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) realizará na próxima terça-feira “Mesa Redonda Mulheres e Meninas na Ciência”, a partir das 14h, no Centro do Rio de Janeiro. O evento será transmitido ao vivo *** A Doméstica Legal lançou um guia gratuito para ajudar o empregador doméstico a evitar notificações da Receita Federal, multas e outros problemas que podem surgir devido a pendências ou erros na gestão do vínculo empregatício doméstico. O guia pode ser baixado gratuitamente aqui.

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