O Grupo Pão de Açúcar (GPA) avalia que a queda nos preços dos alimentos deve persistir pelo terceiro trimestre, situação que deve ser amenizada nos últimos três meses deste ano, afirmaram executivos da companhia nesta quarta-feira.
"Ainda deveremos ver a questão inflacionária (em alimentos) no terceiro trimestre, algo que deve ser amenizado no quarto trimestre e os fatores são excesso de safra, pouca demanda e dólar baixo, o que faz com que vários produtos tenham queda de preços acima do esperado", disse o diretor da bandeira atacadista Assaí, a de mais forte crescimento do GPA, Belmiro Gomes, em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre.
Já o presidente do GPA, Ronaldo Iabrudi, citou como exemplo a redução no valor da saca de feijão de R$ 480 em meados do ano passado para R$ 139 neste ano. "A deflação num primeiro momento gera perda de vendas… porque para o mesmo volume comprado pelos clientes temos uma receita menor. O que ocorre é perda de faturamento num primeiro momento", afirmou.
"O cenário macroeconômico continua muito complexo, delicado e sem termos visão muito clara sobre o que vai acontecer à frente", disse Iabrudi ao finalizar seus comentários durante a teleconferência a analistas do setor.
Para enfrentar a situação e aproveitar a grande mudança no perfil de compra dos clientes do grupo, o GPA segue apostando na expansão do formato Assaí, que tem apelo mais popular que as demais bandeiras da companhia.
Gomes afirmou que o Assaí tem 17 lojas em construção, o que deve adicionar no segundo semestre 100 mil metros quadrados de área de vendas. A bandeira no segundo trimestre elevou sua participação na receita do GPA com venda de alimentos para 40% ante nível de 34,4% no ano anterior.
Na avaliação de Gomes, o desempenho do Assaí no segundo trimestre, com margem bruta passando de 13,3% para 15,8%, foi impulsionado por fatores que incluíram redução de estoques e gestão de categorias de produtos. Mas este nível de margem, segundo o executivo, foi "um pouco atípico" e deve ficar mais próximo de 15% nos próximos trimestres.
O executivo comentou ainda que atualmente quase metade das 110 lojas do Assaí no país passa por algum de melhoria para atender um fluxo crescente de clientes que têm visto seus orçamentos serem pressionados pela recessão. "Nos últimos anos, tivemos quase 12 milhões de famílias que migraram do varejo para o atacado", disse Gomes.
Questionado sobre os efeitos para o grupo da aprovação da reforma trabalhista, Iabrudi comentou que o GPA espera uma redução "muito forte" nos custos com processos judiciais somente em 2018 e 2019. O GPA empregava 89 mil funcionários no final de junho de 2017.
Lucro
O GPA teve lucro líquido consolidado de R$ 169 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de 583 milhões um ano antes. O resultado foi apoiado em desempenho da bandeira de atacarejo Assaí e contabilização de créditos fiscais. O Ebitda ajustado consolidado do segundo trimestre saltou 73,4% sobre um ano antes, para R$ 967 milhões.
A área de multivarejo, que abriga as bandeiras de supermercados Pão de Açúcar e Extra, teve alta de 94,5% no Ebitda ajustado, a R$ 758 milhões; enquanto a divisão o Assaí teve crescimento de 42,7% no período, para R$ 239 milhões.
Segundo o balanço, o GPA registrou no segundo trimestre ganhos tributários decorrentes de ressarcimento de ICMS que tiveram impacto positivo de R$ 447 milhões na margem bruta da divisão multivarejo, que encerrou junho em 34,4% ante 29,3% no mesmo período de 2016.
O GPA elevou a receita líquida consolidada em 9,5% no segundo trimestre na comparação anual, para R$ 10,66 bilhões. Enquanto isso, o custo de mercadorias vendidas subiu 6%, a R$ 7,78 bilhões.
Já as despesas com vendas, gerais e administrativas tiveram alta de 2,3%, a R$ 1,9 bilhão, contidas pela queda de 3% na área de multivarejo, enquanto no Assaí, que tem passado por expansão de lojas, elevou a linha em 25,6%, a R$ 437 milhões.