Criado em 1999, aconteceu, entre os 6 e 16 de outubro, a 24ª edição do Festival do Rio. “É o grande palco do cinema brasileiro, com a Premiere Brasil”, destaca Ilda Santiago, diretora-executiva de programação do Festival.
Para 2022, o Festival do Rio contou com o patrocínio master da Shell Brasil, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e da Prefeitura do Rio, por meio da RioFilme, e apoio da Funarj. O Festival do Rio firmou-se como uma das principais mostras de cinema do calendário mundial e uma das maiores vitrines da produção brasileira.
Em 2021, o evento voltou a acontecer de forma presencial. A Première Brasil contou com títulos, premiados, como Medusa, de Anita Rocha da Silveira (vencedor do Troféu Redentor de melhor longa-metragem de ficção), A Viagem de Pedro, de Laís Bodanzky, Medida Provisória, de Lázaro Ramos, entre outros.
Pela programação internacional, a mostra Panorama do Cinema Mundial, ao longo de sua história, o Festival do Rio já trouxe para o Brasil nomes como Louis Malle, Dario Argento, Masahiro Kobayashi.
Um dos grandes vencedores da noite da edição 2022 foi o filme Paloma, do diretor pernambucano Marcelo Gomes. Além de ter recebido o troféu Redentor de Melhor Longa de Ficção, ainda foi premiado nas categorias Melhor Atriz (para Kika Sena) e o Prêmio Felix de Melhor Filme Brasileiro.
‘Eu que amava tanto o cinema’
Eu que amava tanto o cinema, uma viagem pessoal pela aventura do Cineclube Estação Botafogo. Este é o título do cativante livro de Marcelo França Mendes, retrato fiel de uma geração que, nos anos 80, participou, de alguma forma da saga da marcha dos cinéfilos. Já na primeira orelha, o jornalista Hugo Sukman lembra-nos o que significa aquela imensa fotografia em p&b no fundo da galeria de Oscarito e Grande Otelo que ficou imantada nos corações de tanta gente. Apesar de ser cinéfilo, até devorar mais de 330 páginas, não tinha ideia dos tantos obstáculos a transpor para oferecer à minha geração tudo o que foi oferecido. Desde já, muito agradecido, Mendes.
Mendes reforça que nos anos 80 ficar em casa era algo que não existia. Nem as telinhas de telefones celulares, computadores pessoais, notebooks etc. Respirava-se o mesmo ar de hippies, feministas, movimento gay, Panteras Negras, e outros “diferentes” com os quais se fazia a interlocução sem ser necessária uma senha e que não podiam ser bloqueados.
Mendes é cuidadoso retratista que aponta “onde tudo começou – Cineclube Macunaíma, embalado por Mauricio Azedo, mais tarde presidente da ABI. Chega a detalhes de falar da importância dos gatos para os cinemas de rua, como controladores da população de ratos.
Que bela analogia: gatos artísticos há (Tom o mais famoso), e como na sociedade gatos operários há também, expropriados de direitos, ocupados com o trabalho sujo.
As filas do Estação Botafogo, gordas e democráticas, recebiam, com naturalidade, cinéfilos anônimos e Roberto Marinho, acompanhado de sua esposa, D.Lilly. De pé, na mesma fila que eu.
Empresas que sopram as velas, inflando-as de valores éticos também há, pois o Festival do Rio é o herdeiro da Mostra Banco Nacional de Cinema fundida com o RioCine em 1999. Já o FestRio era mais seletivo, rivalizando com Cannes ou Berlim. Enquanto deu. E as maiores bilheterias? Quem arrisca? O adorável livro do Mendes é recente (2022) e editado pela Cobogó.















