Greve: Tarcísio insiste nas privatizações e quer punir grevistas

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Greve. Metrô de São Paulo (Foto: divulgação)
Greve. Metrô de São Paulo (Foto: divulgação)

O governador Tarcísio de Freitas insiste nas privatizações no estado. Segundo ele, houve desrespeito à decisão judicial de manter efetivo mínimo de trabalhadores em serviço e informou que vai individualizar o cumprimento da escala de trabalho. 

“As desestatizações, os estudos para concessões, não vão parar. Não adianta fazer greve com esse mote”, disse o governador, em entrevista coletiva. “Vamos continuar estudando, vamos continuar tocando, porque  dissemos que faríamos isso. A operação da Sabesp vai acontecer no ano que vem, podem ter certeza disso, e vai ser um grande sucesso”, acrescentou.

De acordo com Tarcísio, não há conciliação possível, não há negociação, “porque vamos continuar seguindo o programa de governo, vamos continuar estudando concessões e privatizações”. 

Sobre a paralisação, o governador disse que vai “individualizar condutas, porque as pessoas se abrigam no coletivo, no sindicato”. Ele confirmou que o Metrô atingiu 88% de adesão à greve, e que não cumpriu o percentual de trabalhadores em atividade definido pela Justiça.

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“Vamos pegar quem desrespeitou a decisão, se foi escalado para cumprir aquela decisão. Então, estamos adstritos aos limites impostos ali pelo Judiciário, que impôs aquele percentual e nós escalamos as pessoas para cumprir aquela decisão. Se as pessoas não cumpriram, elas são passíveis de sanção. E vamos estudar qual sanção vamos aplicar”, disse.

A greve contra privatização do Metrô, CPTM e Sabesp começou e na manhã desta terça-feira, moradores da Grande São Paulo enfrentam dificuldades para se deslocar.

Estão paradas as linhas 15-Prata do metrô e 10-Turquesa do trem. As demais linhas do metrô funcionam parcialmente. No trem, a linha 12-Safira e 13-Jade estão com operação normal e as linhas 7-Rubi e 11-Coral têm funcionamento parcial.

“Será mais uma oportunidade de fazer chegar até a população o prejuízo que a privatização da Sabesp, Metrô e CPTM acarretará para o estado de São Paulo, especialmente para a população que tem hoje um serviço de excelência no saneamento com tarifas justas. Se privatizar a Sabesp, assim como privatizaram o saneamento em outros lugares, a tarifa vai aumentar e o serviço vai piorar”, afirmou a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema-SP), um dos organizadores da greve.

Os paulistanos ainda não esqueceram os péssimos serviços da Enel, empresa que arrematou a Eletropaulo por cerca de R$ 6 bilhões, em leilão de privatização em junho de 2018. No dia 3 de novembro, São Paulo sofreu um apagão que deixou 2,1 milhões de moradores sem luz por mais de sete dias.

Catraca livre

As linhas de transporte metropolitano concedidas à iniciativa privada, 4 e 5 do metrô e 8 e 9 de trens metropolitanos, operam normalmente.

O trânsito na capital está acima da média nesta manhã, segundo monitoramento da Companhia de Engenheria de Tráfego (CET), com 521 quilômetros (km) de filas. A pior situação é na zona leste, com 170 km de engarrafamento.

Os trabalhadores da Sabesp mantêm uma equipe de plantão para garantir os serviços essenciais para a população. “O fornecimento de água não é afetado pela greve”, frisou o Sintaema.

Tarcisio de Freitas
Greve (Coletiva de Imprensa/ METRÔ, CPTM E SABESP

Os organizadores da paralisação ainda propuseram ao governador Tarcísio de Freitas a liberar as catracas, pois essa seria uma maneira de garantir o deslocamento da população e também assegurar o protesto dos trabalhadores. Porém, o governador preferiu dar ponto facultativo nesta terça-feira. Segundo o governo, especificamente, a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos a medida traria “alto risco de tumultos e acidentes graves nas estações”. O governo do estado considera a greve “abusiva e política”.

A presidenta do sindicato dos metroviários, Camila Lisboa, defende que a greve é legítima e que não foi julgada ilegal pela Justiça.

“Propusemos em alternativa a greve operar o metrô 100% com a catraca livre e o governador [Tarcísio de Freitas] não aceitou nossa mediação, o que mostra que o governador não está preocupado com a população. A própria liminar considera a greve trabalhista já que a privatização implica em perda dos postos de trabalho”, disse em nota.

Segundo o governo estadual, a paralisação deixa “mais de 4,6 milhões de passageiros sem acesso ao transporte sobre trilhos”, além de “provocar perdas de mais de R$ 60 milhões ao comércio”.

Nesta terça-feira, uma liminar concedida pelo desembargador Marcelo Freire Gonçalves, vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2), determinou que os trabalhadores da Companhia do Metrô mantenham 80% do efetivo em atividade no horário de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h) e 60% nos demais períodos. Ele definiu multa diária de R$ 700 mil em caso de descumprimento.

Para a CPTM, a operação deve ser de 85% do efetivo nos horários de pico (4h às 10h e 16h às 21h), além de 60% nos demais intervalos, sob pena de multa diária de R$ 600 mil. O relator foi o desembargador Fernando Álvaro Pinheiro.

Com informações da Sintaema, Sindicato dos Metroviários-SP e Agência Brasil

Matéria atualizada às 11h42 e às 16h02 para inclusão de conteúdo

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