Gráfico Ibovespa Semanal

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Em mais um dia de forte volatilidade e pessimismo com relação ao mercado externo, o Ibovespa chegou a perder o suporte dos 58 mil pontos, aos 57.633 pontos, ou 3,44% de queda. Este foi o sexto pregão seguido de perda. Com a maior aversão ao risco por parte dos estrangeiros, o dólar voltou a se aproximar de R$ 1,90. Durante a tarde, o índice reduziu as perdas, mas não há tranqüilidade entre os investidores e grafistas alertam que, no curto prazo, o principal índice de ações brasileiro pode vir a registrar novas quedas, atingindo os 55 mil pontos.
– No pior cenário, o índice pode atingir os 48 mil pontos, o que significa uma queda de cerca de 20%. O primeiro suporte é o patamar dos 55 mil pontos, uma retração próxima a 10% – explica o analista gráfico da Corretora Souza Barros, Eduardo Matsura. Nos últimos cinco pregões, até quarta-feira, o índice caiu 8,48%.
Na avaliação dos analistas gráficos da Gradual Corretora, o Ibovespa poderá seguir em queda rumo a 56.927 e até 55.338 pontos, região que deverá atrair novamente compradores de curtíssimo ou curto prazo. Do lado da recuperação, o índice somente deverá iniciar um repique quando voltar a fechar acima de 60.150 e poderá seguir em direção a 61.340 e 62.700 pontos, rapidamente.
O cenário é ainda mais preocupante quando se olha o comportamento do mercado acionário norte-americano. Nesta quinta-feira, tanto o índice Dow Jones quanto o S&P operaram abaixo da média dos últimos 200 dias.
– Este é um indicador importante e respeitado pelos investidores locais. Muitos fundos deixam de comprar ações quando isso acontece – destaca Matsura. Para ampliar a volatilidade do mercado acionário norte-americano, há a proximidade do vencimento dos derivativos, o que amplia a pressão vendedora. O VIX, índice que mede a volatilidade das opções de ações nos EUA, e é visto como um termômetro da aversão ao risco, fez novas máximas intraday ao saltar 31%, para cima dos 46 pontos. Este nível de aversão a risco não era observado desde o começo de 2009.
Grande parte do pessimismo está relacionada à divulgação do índice de novos pedidos de auxílio-desemprego, que surpreendeu os investidores ao mostrar alta na última semana. Esta é a primeira vez, desde o início de abril, que o indicador não registra queda e pode significar que a recuperação do mercado de trabalho está próxima ao fim. O número de pedidos iniciais de benefícios por desemprego subiu 25 mil, para 471 mil com ajustes sazonais, o maior nível desde a semana terminada em 10 de abril, segundo os dados do Departamento do Trabalho norte-americano.
– O índice vinha demonstrando queda e surpreendeu o mercado – ressalta o analista da Souza Barros.
O olho do furacão, entretanto, continua sendo a Europa, cujos governos não conseguem apresentar detalhes das medidas que deverão reverter o quadro sombrio de retração econômica e dívidas elevadas.
– Sinais de falta de liderança na região acabam gerando eventos como o que ocorreu nesta quarta, quando o governo da Alemanha proibiu vendas a descoberto de ações de dez bancos e seguradoras e dos swaps de default crédito (CDS) e bônus da zona do euro, enquanto os governos dos outros países nada anunciaram – ressalta o analista chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.
Ele destaca que, como a moeda é única, a tomada desta decisão deveria ser única e não foi, o que acabou gerando novamente insegurança de que um contágio desta crise para outros continentes poderá interromper na recuperação da economia mundial.
– Neste ambiente de maior aversão ao risco, continuamos vivenciando a migração de recursos de investidores estrangeiros de bolsa de valores e contratos futuros de commodities para o dólar e treasuries – diz Galdi.

80 mil pontos? – Diante da conjuntura atual, será muito difícil que o índice reverta a tendência de queda de curto prazo e encerre o ano acima dos 80 mil pontos, conforme projetado no final de 2009. Além da mudança do cenário externo, os investidores irão se deparar nos próximos meses com a corrida eleitoral, o que por si só já traz maior conservadorismo.
“O Ibovespa não chega aos 80 mil pontos e talvez nem chegue aos 74 mil pontos. Quando estas projeções foram feitas não havia o fator Grécia e se acreditava na recuperação da economia mundial”, alerta a equipe de análise da Brava Investimentos.
A projeção da Brava para o índice ainda não está fechada, mas os especialistas da instituição estão mais inclinados a acreditar que o indicador fique ao redor dos 60 mil pontos, tudo irá depender dos dados econômicos mundiais de crescimento.
– Não há nada que justifique este excesso de otimismo do início do ano. Os fundamentos das empresas estão sólidos, porém o perfil dos investidores atuais está mais voltado para a especulação”, destaca a equipe.
De acordo com os analistas da Brava, a situação atual é muito similar ao comportamento do Ibovespa durante a crise de 2008.
“Enquanto os investidores não conseguiram dimensionar o tamanho do impacto, houve realização”, comparam. Graficamente, a Brava observa que o índice, após perder os 60 mil pontos e operar abaixo dos 58 mil pontos, irá testar novos suportes. “Há um suporte forte nos 54 mil pontos. A partir daí a próxima parada é entre 43 mil e 42 mil pontos. Para estancar as perdas, é preciso resolver as incertezas. No entanto, no longuíssimo prazo, a tendência é altista”, estimam.

Eduardo Matsura

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