Os que patrulham o Governo Lula por receber, nos próximos dias, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao mesmo tempo em que saúdam a visita do presidente de Israel, Shimon Peres, deveriam ler o relatório em que o Conselho de Direitos Humanos da ONU esmiuça os 23 dias da incursão da Faixa de Gaza pelo Exército israelense, apenas dois dias depois do Natal do ano passado. A invasão resultou na morte de 1.400 palestinos (960 civis – boa parte crianças e adolescentes, 239 policiais e 235 militantes) e 13 israelenses – segundo informações de hospitais locais e de ONGs israelenses, palestinas e internacionais.
InteligênCIA
O recebimento de verba da Embaixada dos Estados Unidos para a realização da 33ª reunião anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), mês passado, em Caxambu, Minas Gerais, ainda provoca polêmica. Em carta à direção da Anpocs, o professor colaborador da Unicamp Caio Navarro de Toledo qualifica de “um equívoco intelectual e político” a aceitação de recursos financeiros de “um governo estrangeiro que, ontem e hoje, implementa uma política externa de natureza intervencionista e belicista”. Para Toledo, por “seu simbolismo”, a presença de um representante da embaixada estadunidense na mesa de abertura da reunião “compromete a trajetória acadêmica, teórica e política da entidade”.
Terrorismo midiático
Um ex-porta-voz nos estertores da ditadura militar que depois de demitido passou a militar na imprensa comercial aproveitou os transtornos trazidos pelo apagão aos brasileiros para expor a um entrevistado seus temores: “Vemos ameaças de índios e do MST a hidrelétricas e torres de transmissão.” Para, a seguir, perguntar: “O que é preciso fazer para que se tenha segurança absoluta na energia elétrica?”
Miragem
O metrô ligando Barra da Tijuca à Zona Sul do Rio de Janeiro, promessa para as Olimpíadas de 2016, subiu no telhado. A opinião é de quem entende do assunto: o ex-prefeito Cesar Maia, que também abusou de promessas para a realização do Pan 2007 e deixou os cariocas a ver navios. “Com a leitura do caderno de encargos dos JJOO-2016 levado ao COI, pode-se constatar que o trecho Barra da Tijuca-Gávea havia sumido do projeto e se transformado em corredor com ônibus articulado”, diz Maia.
Nas ondas
O apagão de terça-feira teve pelo menos um efeito colateral midiático. Enquanto a TV e a Internet, por óbvio, permaneciam fora do ar, assim como, por razões outras, os celulares, o rádio – mídia cuja morte chegou a ser anunciada após a invenção da televisão – tornou-se a principal fonte de informação para os brasileiros sem luz.
Atomização
Já o twiter, modismo da vez, mostrou que, sem o suporte de plataformas tradicionais que permitam que seus textos sejam replicados para além do círculo de seguidores, fica limitado a notícias localizadas e de interesse restrito. Ou, dependendo da falta de ética e do excesso de preguiça de alguns veículos midiáticos, a indutor do jornalismo de boatos e/ou fofocas.
Raio “The Flash”
Novo ponto comum entre as administrações tucana e petista, o raio mordomo foi trazido ao palco muito mais rapidamente agora do que no Governo FH. Como diria a ministra Dilma, o governo atual dá de “400 a zero”.
Tempo
Uma colunista que pouco entende de economia e menos ainda de energia seguiu a sugestão da coluna e recorreu ao aquecimento global para aliviar a responsabilidade do modelo tucano – aceito pelo PT – de gestão na área energética.
Fauna
Lobão, Barata… Esse é o alto comando contra o apagão mais “animal” que o país pode ter.