O Hamas criticou nesta quarta-feira a “decisão unilateral” do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, de realizar eleições antes do final do ano para reconfigurar o Conselho Nacional Palestino, em meio à ofensiva lançada por Israel contra a Faixa de Gaza após os ataques de 7 de outubro de 2023.
“Essa decisão unilateral é uma grave violação da vontade nacional e um flagrante desrespeito aos acordos do Cairo, Argel, Moscou e Pequim”, disse Husam Badran, um alto funcionário da ala política do Hamas, referindo-se aos acordos de reconciliação nacional entre o Fatah e o grupo islâmico. “Rejeitamos essas ações unilaterais”, disse ele.
Ele ressaltou que o Hamas “acompanha com grande preocupação” o anúncio de Abbas e enfatizou que “essa decisão se desvia do consenso nacional”, antes de pedir “a suspensão imediata de todas as medidas unilaterais e a implementação do que foi acordado nas reuniões nacionais, especialmente no que diz respeito à reconstrução das instituições da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) com base no consenso”.
“Apelamos às massas do nosso povo, às suas forças e às suas facções ativas para que rejeitem essa postura excludente e se atenham à opção de unidade e cooperação”, concluiu Badran, conforme relatado pelo jornal palestino “Filastin”, três dias após Abbas anunciar que o Conselho Nacional Palestino realizará suas primeiras eleições desde 2006 antes do final do ano.
O líder palestino afirmou que o comitê executivo da OLP, que o próprio Abbas dirige, “decidirá criar um comitê preparatório para fazer os preparativos necessários para as eleições”, sem ainda definir uma data específica. O decreto de Abbas dá um prazo máximo de duas semanas para que esse comitê tome outras medidas para esse processo.
O Conselho Nacional Palestino define formalmente a política da OLP e elege um fórum menor que, por sua vez, elege os líderes da OLP. É um órgão separado do Conselho Legislativo Palestino, o parlamento palestino, para o qual não são realizadas eleições desde 2006, uma votação em que o Hamas prevaleceu. Isso não foi reconhecido por Israel e pelos EUA, levando a confrontos entre as duas facções que terminaram com a separação administrativa dos Territórios Palestinos Ocupados.
Desde então, o Fatah controla a Cisjordânia – apesar de não ter vencido as eleições – e o Hamas está no comando da Faixa de Gaza, alvo de uma ofensiva militar após os ataques de 7 de outubro de 2023 que deixaram mais de 59.200 pessoas mortas e 143 mil feridas, de acordo com o último balanço fornecido na quarta-feira pelas autoridades do enclave palestino.
Europa Press
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