O setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos registrou queda de 2,8% em vendas ex-factory de janeiro a dezembro de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, quando o setor apresentou desempenho positivo de 5,8%. Para a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), os dados mostram que, em linha com os resultados abaixo da expectativa do 1º semestre de 2021, o setor seguiu enfrentando desafios ao longo do ano.
O segmento de higiene pessoal foi o principal destaque e, graças aos bons resultados, impediu que o cenário fosse ainda mais negativo para o setor. O segmento apresentou crescimento de 4,7% em vendas ex-factory, em comparação com o ano anterior, indicando uma intensificação dos hábitos de cuidados pessoais, que foram reforçados para combater a Covid-19. Já os segmentos de cosméticos (-15,4%), perfumaria (-2%) e tissue (-9,4%) registraram quedas expressivas em relação ao mesmo período de 2020.
Diante do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima dos 10% em 2021, o setor enfrentou durante o ano uma batalha contra o aumento de custos, fechando o período com inflação média de 3,1%, 7 pontos percentuais, abaixo do índice geral. Embora seja um setor essencial para a sociedade, hoje, o setor de HPPC é o terceiro setor mais tributado do país. A alta carga tributária suportada demanda enormes esforços das empresas em absorver os constantes aumentos de custos para evitar uma retração ainda maior da demanda de seus produtos.
O avanço da vacinação e a flexibilização das restrições de isolamento social também refletiram nas mudanças de hábitos de consumo dos brasileiros e impactaram no desempenho do setor em 2021. Dentre os produtos com melhor performance está o sabonete, com crescimento de 9,7%, em relação a 2020. O sabonete em barra segue sendo o maior mercado, com 80% de fatia de vendas, enquanto o sabonete líquido, um dos símbolos do combate a Covid-19, ganhou mais popularidade.
Os protagonistas do setor em 2021 foram os produtos relacionados ao banho de forma geral. Os consumidores brasileiros seguem investindo, por exemplo, em cuidados com os cabelos. A categoria de xampu se manteve em estabilidade, com alta de menos de 1%, já a categoria de produtos para tratamento capilar, teve crescimento de 5,8% nas vendas em 2021. Já para a categoria de cuidados com a pele, que vinha de uma alta de 21,9% em 2020, indicando um maior interesse do consumidor brasileiro em cuidar da sua pele, principalmente nos momentos em que o isolamento social foi mais intenso, sofreu queda de 12,4% em 2021. Tal performance pode estar atrelada, tanto à redução do tempo do brasileiro para dedicar-se aos rituais de autocuidado, por conta de uma rotina em que atividades fora de casa voltaram a acontecer, assim como sinaliza oportunidade de desenvolvimento da categoria e de aumento de conhecimento do brasileiro, sobre os benefícios de longo prazo de se adotar em definitivo o hábito de cuidar da pele. No segmento de perfumaria, os indicadores apontam que as vendas caíram (-2%), mesmo com os fortes investimentos realizados pelas empresas do setor em ações de marketing e trade marketing.
Pesquisa do Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (Ifepec), da Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias, em parceria com a Unicamp, mostrou que em 2022 o consumidor está mais atento para economizar em compras nas farmácias. A quinta edição da Pesquisa Sobre o Comportamento do Consumidor em Farmácias no Brasil entrevistou 4 mil consumidores em todo o país.
Dentre os pontos apontados na pesquisa, uma mudança no perfil em relação aos outros anos é que mais consumidores afirmam que o preço foi o principal fator para a escolha da farmácia, atingindo 79,9% dos entrevistados. No ano anterior esse número era de 75,4%. Além disso, mais de 86% dos consumidores entrevistados reportaram participar de algum programa de fidelidade, o que comprova que essas ações continuam em alta.
Um dos pontos de destaque do levantamento foi a queda na cesta de produtos adquiridos pelos consumidores e, consequentemente, diminuição do ticket médio de vendas.
A quantidade de unidades adquiridas em uma cesta de compra que era de três produtos na média em 2020, passou para 2,6 em 2021. O ticket médio também caiu consideravelmente, passando de R$ 55,02, para R$ 43,71, uma redução de 19%. Por fim, os consumidores priorizaram itens com preços menores, sendo que o valor médio por item passou de R$ 18 para R$ 16,81.
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